Mariana Bueno
Do Bolsa de Bebê
Dificuldade de leitura, escrita, interpretações de textos e, por vezes, cálculo aritmético. Se seu filho apresenta essas características, pode ser um sinal de dislexia, um dos muitos distúrbios de aprendizagem que se torna evidente na época da alfabetização. Os principais sintomas da dislexia começam com a dificuldade em fazer a relação letra e som (fonema/grafema), já na pré-escola. O disléxico mostra uma enorme dificuldade em aprender a ler e aescrever, em manipular as letras dentro de uma palavra e, consequentemente, em compreender um texto quando estiver lendo”, explica a fonoaudióloga e especialista em psicopedagogia Maria Ângela Nico, coordenadora científica da Associação Brasileira de Dislexia (ABD).
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Ela explica que a avaliação do problema necessita ser multiprofissional, com uma equipe especializada, envolvendo fonoaudióloga, psicopedagoga, psicóloga, neuropediatra e psiquiatra. Associado à dislexia, muitas crianças e jovens também podem apresentar déficit de atenção, hiperatividade, impulsividade, agressividade, depressão, transtorno de ansiedade, bipolaridade e enurese.
Causas
A fonoaudióloga explica que há causas variadas, como pais com dificuldades pregressas na vida escolar; casos semelhantes nos familiares como avós, tios, primos; presença de genes potencialmente responsáveis pelo quadro; ou uma arquitetura diferente do tecido cerebral nos indivíduos disléxicos que não é encontrada nos não disléxicos. “Só podemos falar em dislexia a partir do processo de alfabetização, mas como ela é genética e hereditária, a partir dos cinco anos de idade já é possível realizar a avaliação com uma equipe multidisciplinar especializada e essa criança com dislexia será encaminhada para uma intervenção com uma fonoaudióloga. Depois que ela passar pelo processo de alfabetização, será necessária uma re-avaliação para confirmar ou não o quadro”, explica.
Limitações do disléxico
Como a principal dificuldade é com a leitura e a escrita, o disléxico poderá ter dificuldades em todas as matérias que necessitem dia leitura e em matemática com os enunciados dos problemas. “Os disléxicos são inteligentes. O papel dos pais é o de proporcionar uma escola que acolha seu filho disléxico e também uma intervenção com profissional adequado, pois a escola sozinha não conseguirá ajudá-lo”, afirma a especialista.
Tratamento da dislexia
A dislexia não é uma doença, portanto não há cura. Por isso a importância da avaliação precoce e da rápida intervenção com um profissional especializado, para o disléxico aprender a lidar e muitas vezes superar suas dificuldades. Quando os pais perceberem algum sinal ou sintoma nos filhos, devem conversar com a coordenadora da escola em que a criança esta frequentando, que deverá encaminhá-la para uma avaliação. Se confirmada a dislexia, a intervenção deverá ser realizada por uma fonoaudióloga e/ou uma psicopedagoga. Se a autoestima estiver baixa, um psicólogo deverá atuar também.