Em nome do pai

por | jun 30, 2016 | Gravidez e bebês

Junto com todo movimento de independência da mulher, em que as questões relacionadas ao mercado de trabalho e sexualidade foram revistas, muitas mulheres também pensaram na possibilidade de independência no que diz respeito a criação dos filhos. Desta forma, nasce o termo produção independente que se refere às mulheres que desejam ter o filho e criá-lo sem a participação de um homem que esteja efetivamente no lugar de pai.

Há também as mães que não desejaram (pelos menos conscientemente) criarem sozinhas os filhos, mas foram abandonadas pelos parceiros quando grávidas e, junto com elas, os bebês que esperavam.

Ter um pai construído psiquicamente será fundamental para que a criança se desenvolva de forma saudável

Ainda existem casos dos casais que se separam quando a criança é muito pequena, e o ex-marido acaba tornando-se ausente e sem participação na vida dos filhos. Por outro lado, também há um grupo de pais que está “presente” no contexto familiar, mas ausente de sua função.

Um pai será sempre importante e faz falta a criança e, por isso, mesmo que ele não esteja ou seja presente, é importante que ele seja nomeado.

Portanto, ainda que este pai não “exista” para a criança, seja por qualquer um dos motivos acima, ela precisa conhecer a sua própria história. E não há história de nascimento sem que exista um pai, mesmo que seja ele apenas um genitor.

É comum que falem da criança, mas não falem com a criança sobre os acontecimentos na qual ela está inserida, o que não é nada saudável. Uma criança, desde pequena, é capaz de saber, ainda que não lhe seja contado diretamente, das situações que a norteiam. Por isso, para evitar má interpretação daquilo que escuta ou assiste seria importante contar toda a história do nascimento ainda quando ela é pequena.

Ter um pai construído psiquicamente será fundamental para que a criança se desenvolva de forma saudável.

No entanto, gostaria de falar neste artigo da importância do pai real, deste que completa a família, e que muitas teorias dizem que pode ser substituído por outros objetos que estejam presentes na vida da mãe. Falo das teorias que afirmam que a criança precisa de uma mãe que se interesse por algo para além dela, independentemente do que quer que seja (trabalho, uma atividade física etc.)… De fato, a atenção da mãe para além da criança possibilita o seu desenvolvimento. Mas a verdade é que… o pai faz falta!

Em um artigo anterior apresentei a importância do pai nos primeiros meses após o nascimento do bebê, e da importância da mãe na função de autorizar a entrada deste pai na relação entre ela e o bebê. Neste artigo, gostaria de ampliar este conteúdo trazendo mais informações sobre o quanto a participação efetiva do pai é de fato importante. Deterei-me a usar como exemplo a forma como o menino se constitui na relação com o pai.

No início da vida, a mãe é o primeiro objeto de amor tanto para as meninas quanto para os meninos. Ao nascer, a criança está alienada, totalmente dependente do mundo, da significação e do desejo da mãe. Como exemplo pode-se pensar no processo de amamentação – a criança alucina o seio e ela está ali pronta a alimentá-la – mas, com o passar do tempo, a criança começa a perceber as falhas, por exemplo, o seio não comparece mais no tempo em que gostaria, ela quer sair do berço e a mãe vem com um brinquedinho para distraí-la.