Toda mãe cuidadosa quer manter o filho bem alimentado. Algumas, para ter certeza, até se valem dos cereais infantis como complemento. Esses produtos, feitos à base de milho, trigo, arroz e aveia, além de açúcar e leite, com a adição ou não de vitaminas e minerais, realmente podem desempenhar um papel importante no cardápio dos pequenos. Mas é preciso observar o tipo e as quantidades oferecidas, bem como a idade e as necessidades de cada criança.
O bebê não completou seis meses
O pediatra e neonatologista Eduardo Figueiredo Salles, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Pediatria, e a nutricionista Elisa Maria de Aquino Lacerda, professora de Nutrição Materno-Infantil e Coordenadora do Curso de Nutrição do Instituto de Nutrição Josué de Castro da UFRJ, consideram que neste período o melhor alimento para a criança é sempre o leite materno, sem acréscimo de qualquer substância. Segundo dados da OMS – Organização Mundial de Saúde, a amamentação supre todas as carências de vitamina do bebê. Os especialistas garantem que, se ele mama no peito, não necessita tomar leite de vaca, muito menos adicionado de cereais. Além de serem desnecessários, esses produtos não encontram, nesta fase, um tipo de refeição no qual possam ser introduzidos.
O Dr. Eduardo frisa que só na falta do aleitamento materno é aconselhável a adoção de um leite de vaca modificado (como o Nan 1, o Nestogeno 1, o Aptamil 1 ou o Bebelac 1). Esses produtos e similares apresentam uma modificação do leite de vaca em suas características físico-químicas, e por isso têm melhor digestão no tubo digestivo do neném. O pediatra recomenda que esses leites especiais modificados não devem ser misturados com outros produtos. O cuidado é necessário para não alterar a sua composição original, que quase não inclui carboidratos. Isso acontece porque o “suco digestivo” da criança não dispõe da enzima amilase, necessária à digestão do amido contido nos cereais.
Nem sempre, porém, é possível adquirir os leites especiais modificados para suprir a ausência da amamentação. Outra alternativa pode ser o uso de leites integrais de vaca – como o Ninho, o Glória, os do tipo Longa Vida. Eles não devem ser oferecidos “puros” à criança, mas misturados com água, o que faz com que percam calorias. Os especialistas não consideram esta alternativa ideal e sim uma improvisação quando não é possível amamentar o bebê nem adquirir os leites especiais modificados. Segundo o Dr. Eduardo, a medida para a adição de farinhas em mamadeiras deve corresponder a uma colher das de chá para cada 100 mililitros de leite. A proporção de açúcar seria a mesma, enriquecendo a adição de carboidratos em 5%. A mistura não deve ser cozida com este ingrediente, para evitar uma reação química provocada pelo calor entre o amido e sacarose. O neonatologista explica que esta reação forma um composto estável não digerido pela criança, não aproveitado e expelido nas fezes.