A Organização Mundial da Saúde recomenda que o leite materno seja mantido na alimentação da criança até os dois anos. Mas, nesta fase, segundo o Dr. Eduardo, o cardápio – não exclusivamente à base de leite – deve incluir sucos, papas de frutas e “mingaus de prato”, nos quais podem ser acrescentadas algumas farinhas. A complementa que a adoção dos mingaus deve ser eventual e somente para a criança que não mama mais no peito. O neonatologista complementa que além de melhorar o paladar e aumentar o valor calórico, esse incremento pode ser útil quando um bebê de sete meses, por exemplo, não tem o aumento de peso que vinha apresentando até passar para outras dietas que não o leite materno.
A nutricionista Elisa Maria de Aquino Lacerda oferece outros dados sobre o início de uma alimentação complementar, conhecida como grande refeição ou refeição de sal: “Ao introduzir o almoço, a mãe deve incluir um alimento de cada grupo: da energia – arroz, batata, aipim, inhame, macarrão; das proteínas – carne vermelha, ave, peixe, frango; grupo das vitaminas e minerais – os coloridos, como cenoura, abóbora, couve-flor, abobrinha e chuchu e os folhosos, fonte de ferro e fibras, como espinafre, bertalha, brócolis e agrião; grupo das leguminosas – feijão, ervilha, lentilha, grão de bico”. Ela também recomenda que as frutas sejam oferecidas após a refeição de sal, pois seu teor de vitamina C melhora a absorção de ferro e evita a anemia, problema muito freqüente entre seis meses e dois anos.
Prós e contras dos cereais
Apesar de bom aproveitamento dos cereais na alimentação infantil, não é necessário utilizá-los quando, por exemplo, a criança consome dietas variadas e apresenta bom peso. A Dra. Elisa observa: “Um leite batido com fruta é muito mais nutritivo que um leite enriquecido com cereal”. Ela esclarece que apesar de algumas marcas serem acrescidas de vitaminas e minerais, esses produtos são compostos basicamente de carboidratos: “Em cada colher de sopa de cereal – cerca de 20 gramas – há cerca de 80 calorias e 18 gramas de carboidrato”. A precaução também se justifica pela existência de outras fontes de carboidratos na dieta habitual da criança de um a três anos: arroz, macarrão, batata, aipim, inhame, biscoito, pão, arroz e frutas.
Além do estímulo à obesidade, o cereal pode ser contra-indicado em casos de doença celíaca (em especial os que contenham trigo, centeio, cevada ou aveia). Crianças com intolerância à lactose não devem ingerir cereais que contenham leite.
Para saber quais são os ingredientes dos produtos, os pais devem habituar-se a ler os rótulos de embalagens daqueles que pretendem oferecer às suas crianças. Um recurso quando não se encontra a informação sobre a quantidade de carboidratos proveniente da adição de açúcar é lembrar que os cereais mais simples, os que necessitam de cozimento – como amidos de milho e de arroz – não têm adição de açúcar. Já os cereais pré-cozidos, os instantâneos e sem necessidade de cozimento, usualmente contêm este ingrediente. Dessa maneira, poderão ser evitados os cereais que contenham gordura trans ou gordura saturada, açúcar, corantes e aromatizantes.
O Dr. Eduardo ressalta a importância da preocupação familiar com estes aspectos: “Se não houver critério, podemos estar “ensinando” o organismo de nossas crianças a receber rotineiramente uma quantidade de calorias maior que a necessária. E desse modo, estaremos garantindo aos nossos filhos os primeiros passos para uma possível obesidade infantil”.