Neste momento, abordaremos os modos de prevenção e rastreio de infecções. Um grande exemplo é a vacina contra o HPV (papiloma vírus humano), que antepara os sorotipos mais frequentes deste vírus causador do câncer de colo uterino. Outro método contra infecções do trato reprodutivo é o rastreio das doenças sexualmente transmissíveis (DST) que, por muitas vezes, são assintomáticas e geradoras de complicações gravíssimas. Este rastreio deve ser feito em mulheres portadoras de fatores de risco, como novos ou múltiplos parceiros sexuais, história anterior de DST, uso de drogas injetáveis, transfusão sanguínea, uso esporádico de preservativo (ou o não uso), entre outros.
O mais prevalente método de prevenção na ginecologia é o rastreio do câncer, no caso do câncer de colo uterino através do exame “preventivo” ou Papanicolau. Este exame deve ser feito periodicamente, o primeiro não devendo ultrapassar 2 anos da primeira relação sexual (com contato pênis-vagina) ou quando atingida a idade de 21 anos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), após 3 exames anuais consecutivos sem evidência de alterações e em mulheres com menos de 35-40 anos sem fatores de risco para as DST, o exame pode ser feito a cada 3 anos. Acima dos 40, recomenda-se que seja anual, independentemente de qualquer outro fator. Em mulheres que passaram por histerectomia total (retirada do útero e colo) e com mais de 70 anos, após 3 exames normais anteriores consecutivos podem optar por fazer ou não o exame citológico, se não tiverem história anterior de lesão invasiva de colo.
O acompanhamento ginecológico periódico deve ser feito de forma individualizada, com base na história e exame físico de cada paciente, além de ser indispensável para a prevenção e o diagnóstico de inúmeras enfermidades
Com relação ao câncer de endométrio não se recomenda rastreamento de rotina, com exceção das mulheres que apresentam fatores de risco para esta doença, como obesidade, dieta rica em gordura, menstruação precoce (antes dos 12 anos), menopausa tardia, ausência de filhos etc. O que deve ser transmitido são medidas educacionais, orientando as pacientes para os sintomas típicos da doença, principalmente o sangramento pós-menopausa, contado, pelo menos, a partir de um ano depois da última menstruação.
O câncer de ovário também não é rastreado de rotina para mulheres sem fatores de risco, como por exemplo, a história familiar positiva. Assim, quando necessário, o rastreio é feito pelo exame de ultrassonografia e/ou sanguíneo (medida do antígeno cancerígeno 125).
O câncer de mama é uma enfermidade que assusta muitas mulheres e exige investigação máxima. O exame físico das mamas, nas consultas ginecológicas, é de extrema importância, além do histórico familiar da paciente, uma vez que, estatisticamente, a prevalência deste carcinoma é maior nas mulheres com parentes afetadas. É muito importante que o médico ensine à paciente a realização do autoexame das mamas, que deve ser feito, pelo menos, de 2 em 2 meses. Quando a mulher atinge a faixa etária de 35 a 40 anos e não possui fatores de risco nem sintomas, é recomendada uma mamografia de base.
Entre 40 e 49 anos, a mamografia deve ser realizada anualmente ou, no máximo, em biênios, isto quando não existir nenhum fator de risco. Já em mulheres acima de 50 anos, recomenda-se a mamografia a cada ano. Deste modo, quanto maior a idade, maior é a periodicidade dos exames (mamografia, colpocitopatológico ou “preventivo” e ultrassonografia transvaginal).
A osteoporose é frequente na terceira idade, ainda mais na mulher idosa, pois a queda de estrogênio acelera a perda óssea. O padrão ouro, ou seja, o melhor método para avaliação da densidade óssea, que está reduzida na osteoporose, é a densitometria de quadris e vértebras. A escolha deste exame deve ser individualizada, principalmente em casos de mulheres acima dos 65 anos; maiores de 55 anos e com, pelo menos, um dos fatores de risco (história familiar de fratura do quadril, tabagismo, peso menor que 57,2 Kg, baixo índice de massa corporal ou IMC); acima de 45 anos com qualquer tipo de fratura; ou em pacientes que são submetidas à terapia de reposição hormonal.
Outro ponto relevante, que deve chamar a atenção do seu ginecologista, são as enfermidades provenientes da glândula tireóide. Os sinais e sintomas mais característicos são alteração do peso e da tolerância à temperatura (calor ou frio), irregularidade menstrual, alteração na pele e cabelo, entre outros. Como são disfunções que aumentam sua prevalência com a idade e são muito mais freqüentes em mulheres, recomenda-se às pacientes acima de 35 anos a avaliação, no mínimo qüinqüenal, do hormônio estimulante da tireóide (TSH), considerando casos sem fatores de risco e sem sintomas característicos.
Diante da maior procura das mulheres pelo ginecologista, muitas vezes como médico primário, é prudente estar atento à síndrome metabólica ou plurimetabólica, mais comum no período pós-menopausa. Na verdade, esta doença é um conjunto dos seguintes sinais: obesidade, hipertensão arterial, hiperglicemia, hipertrigliceridemia e dislipidemia (alteração nos níveis de lipídeos).
Estes achados definem alto risco para doenças cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular encefálico. Por isso, exames de sangue dosando os triglicerídeos, glicemia, colesterol total e suas frações, além da medição periódica da pressão arterial e da circunferência abdominal são de extrema importância para o diagnóstico.
Deste modo, compreendemos que o acompanhamento ginecológico periódico deve ser feito de forma individualizada, com base na história e exame físico de cada paciente, além de ser indispensável para a prevenção e o diagnóstico de inúmeras enfermidades. Por isso mesmo, toda mulher, de qualquer faixa etária e mesmo sem sintomas aparentes, deve procurar um consultório ginecológico como forma de garantir a preservação de sua saúde.





