Uma foto chocante tem circulado pela web e causado polêmica. Nela, um menino aparece sendo agredido pelo suposto tio. Ao fundo, na televisão, uma cena do filme High School Musical. Na legenda da foto, compartilhada pela página do Facebook Irmãos Piologo, a mensagem de que o sobrinho está apanhando para aprender que este não é um tipo de filme que homem deve assistir.
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Embora não seja possível determinar se a cena é real ou se foi “posada”, a imagem faz uma clara apologia à violência contra a criança e ao preconceito de gênero e orientação sexual.
Internautas demonstraram indignação nos comentários, condenando não só o ato de violência, mas também a motivação por trás dele. Muitos dividiram histórias de suas próprias infâncias, lembrando agressões que sofreram dos próprios pais como punição a comportamentos considerados impróprios para seus gêneros.
Filme “de menina”
Vale reforçar que não existem filmes indicados apenas para meninos ou meninas. Além de equivocada, essa ideia perpetua a falsa noção de que esse tipo de escolha interfere na orientação sexual de um jovem.
Violência contra a criança
Além da motivação moralmente questionável, a atitude escolhida pelo tio para repreender e “ensinar” o garoto é, segundo especialistas, pouco didática, ineficiente e até perigosa.
De acordo com a psicóloga Márcia Mattos, do Espaço Apprendere, em artigo para o Bolsa de Mulher, a conduta dos pais estimula o comportamento dos filhos. E, sendo a criança fruto daquilo que lhe é ensinado, se ela cresce em meio à violência, passa a encará-la como natural e assimila que este é o único caminho para a solução de problemas. Com isso, passa a crer que é natural ter que agredir o outro ou, então, ser agredida. “Ensinar o filho a usar agressividade como forma de defender seus ideais é destruí-lo da capacidade de pensar, e ensinar a desvalorizar e desrespeitar o outro”, explica.
Pais que resolvem as situações com violência geralmente estão perpetuando um ciclo de violência. Ou seja, agredidos na infância, acreditam que essa é a única maneira de educar uma criança. De acordo com a psicanalista Priscila Gaspar, atos muito agressivos são comuns em pais com distúrbios de personalidade ou afetivos. Já os pais emocionalmente equilibrados podem, sim, eventualmente ter um ímpeto de raiva e dar uma palmada, mas têm seus limites.
A psicóloga Edwiges Silvares ainda diz que a surra não tem relação somente com o comportamento do filho, mas é decorrente da soma de uma série de fatores externos, que geram estresses que, somados, estouram nos momentos de desespero com o filho.
E a pedagoga Tania Zagury ainda alerta que a violência apenas ensina que força bruta é mais importante do que a razão e o diálogo e que os pais, figuras que deveriam significar proteção e amparo, não são confiáveis.
Revolta dos internautas
A polêmica foi tanta que o canal que exibia o filme se manifestou na publicação, dizendo que passaria o filme mais uma vez em homenagem ao garoto que supostamente foi impedido de assisti-lo.
Internautas que encontraram problemas na publicação deixaram comentários sobre o preconceito de gênero e orientação sexual e a violência infantil. Confira algumas opiniões: