Quando a diferença é grande mas não supera os oito anos é preciso tomar algumas precauções, segundo especialistas. “Muitos pais acabam exigindo do primeiro filho um crescimento psicológico acelerado, para não se sobrecarregarem no cuidado com o bebê“, diz a psicóloga Kátia Ricardi. É preciso lembrar que cada criança possui necessidades que devem ser percebidas e atendidas pelos pais. Por outro lado, quando essa diferença de idade é muito grande, os pais podem acabar impedindo a maturidade psicológica do caçula. “Com medo de se sentirem sem a função de pais, eles acabam impedindo a independência do pequeno”, esclarece Kátia.
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Há quem prefira enfrentar o desafio de se tornar mãe logo de uma vez. É o caso de Karen Kupper, de 33 anos, mãe de Ana Júlia, de seis anos, e Luís Felipe, de cinco. Apesar do trabalho dobrado, ela não se arrepende. “Acredito que ter dois filhos de idades próximas traz a vantagem de eles crescerem e aprenderem um com o outro. Como as experiências são meio parecidas, a troca entre eles é muito grande. Vivem juntos, têm os mesmos amiguinhos, mesmos interesses e desenhos preferidos”, enumera.
Além disso, especialistas acreditam que as mães saem ganhando com a escolha. “Os benefícios de ter dois filhos pequenos é que a mulher consegue mais tempo para ela. Caso essa diferença seja maior, você acaba tendo uma renúncia repetitiva e o desgaste físico se torna mais intenso”, diz Rita.
Tudo é dobrado: gastos, trabalho, manhas. Em compensação, o amor é dobrado também. E com tempo a gente ganha prática
Como o descanso demora um pouco a chegar, as exigências dobradas sobre a mãe podem ser bem cansativas. “Com duas crianças pequenas, as chances de estresse da mulher aumentam e ela não consegue se dedicar tanto às necessidades de cada um dos seus filhos”, explica Kátia. Disso Karen entende bem: “No começo foi muito difícil. Eram dois bebês em casa – quase como ter gêmeos -, porém mais complicado pois as necessidades de cada um eram diferentes. Os dois usavam fraldas, mamavam, queriam colo ao mesmo tempo”.
Karen desabafa: “Tudo é dobrado: gastos, trabalho, manhas. Em compensação, o amor é dobrado também. E com tempo a gente ganha prática. Na hora de dormir, por exemplo, é sempre uma gostosa confusão, deito na cama de um depois um pouquinho na cama do outro e assim a gente vai se ajeitando!”, brinca.
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Os pais são unânimes: o maior obstáculo quando o assunto são filhos de idades próximas é o ciúme entre irmãos. “Eles querem as mesmas coisas e na mesma hora. Sempre acham que um está em desvantagem com relação ao outro”, conta Karen. Quando a diferença entre as crianças é pequena elas tendem a ter mais ciúmes umas das outras. Mas Kátia garante que tudo depende da forma como os pais encaram a situação. “Quando eles se voltam para o filho caçula de forma exagerada, tornam-se insensíveis às necessidades do primogênito, exigindo dele uma compreensão absurdamente adulta da situação. Colocam inconscientemente um único espaço, numa situação onde o espaço é de duas pessoas. Para o filho fica assim: ou eu ou ele”, explica a psicóloga.





