Um novo ano se inicia e com ele nossas promessas e sonhos. Vestimo-nos de branco, tomamos espumantes, brindamos a chegada de uma nova esperança. Infelizmente, o ritual que acorda o nosso sentimento de fraternidade parece ser enterrado por muitos no dia seguinte.
Meu desejo é para que neste ano de 2008 a solidariedade, o respeito às diferenças e o prazer de celebrar a vida estejam presentes em todos os seus dias. A felicidade não espera no porto, não tem forma definida, nem dono absoluto. A felicidade não tem conta no banco, carro do ano, nem casa própria.
A experiência parecia nova. A cada novo movimento, um sorriso e o apoio dos pais. A menina, agora sentada na areia sobre uma grande toalha vermelha, balançava-se de alegria
A felicidade habita os olhos de uma mãe, mulher, esposa, gente. Eu vi. Na praia, debaixo da barraca, ela acompanhava a filha com paralisia cerebral que do carrinho admirava os reflexos do sol, ainda tímido naquela manhã. A filha brincava com o chaveiro pendurado. Enquanto a criança, que devia ter uns 7 anos, sorria para a luz, a mãe preparava-lhe o ninho na areia. O pai cavava fundo até o frescor do trono que a criança ocuparia. Fez um muro, um castelo.
A experiência parecia nova. A cada novo movimento, um sorriso e o apoio dos pais. A menina, agora sentada na areia sobre uma grande toalha vermelha, balançava-se de alegria. Os pés ficaram de fora para receber baldes e baldes daquela água densa e gelada. Isso, depois de a mãe lhe fazer provar com uma gota o gosto salgado do diferente. O pai ainda tentou demover a mãe de tal idéia. Afinal, poderia lhe fazer mal. Mas, como viver é correr riscos, a mãe o convenceu de que a aventura valeria a pena para que a menina pudesse ter pleno conhecimento do mar. Depois, ela aprenderia sobre picolé de chocolate.
Assim foi. Jogaram frescobol, nadaram, comeram queijo coalho no espeto, conversaram e se lambuzaram de sorvete, areia e alegria. E como o tempo avançava tanto quanto o sol, chegava a hora de ir pra casa e levar a festa para outro lugar. Bolsas, barraca, carrinho e carinho aos baldes deixaram na praia um vazio e em mim, uma certeza: a felicidade habita cada um de nós e desperta todos os dias com o sol.
Que o vazio deixado por 2007 seja preenchido com novos sabores, novos relacionamentos, novas paisagens e muito sol. Que o diferente habite seus dias e lhe traga muitas alegrias.