A chegada dos filhos muda a vida de um casal. É comum que os novos pais fiquem inseguros na hora de demonstrar carinho, se abraçar e se beijar na frente dos filhos, com medo do impacto que essa atitude pode causar nas crianças. De acordo com a psicóloga infantil Raquel Benazzi, do Núcleo Terapêutico Corujas, a formação de um indivíduo depende necessariamente de exemplos que ele recebe na infância e é por isso que se atentar para essas questões é tão importante.
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Por mais que o casal seja unido e compartilhe muitos momentos juntos, com a chegada e o crescimento de um novo integrante na família é natural e muito comum que eles se distanciem. Os cuidados intensos nos primeiros anos contribuem para isso e, depois, retomar antigos hábitos pode ser difícil por uma série motivos. Raquel lista a falta de intimidade, que precisa ser reestimulada para tornar-se, de novo, um hábito, além da vergonha e, especialmente, o medo de que as demonstrações públicas de afeto atinjam negativamente os pequenos.
O que a criança pode ou não presenciar?
O que a psicóloga explica é que as crianças, de fato, não devem ver ou escutar os pais mantendo relações sexuais, por exemplo, e nem ter acesso aos momentos mais picantes da relação.
No entanto, ela reforça que o carinho do dia a dia, simples e sincero, é essencial para que aquela criança, quando cresça, consiga se relacionar de forma saudável com outras pessoas. “Toda criança precisa ter referências de carinho e respeito para, na vida adulta, saber demonstrar afeto. É nesses momentos que os pais conseguem mostrar isso”, explica.
A ausência dessas demonstrações públicas pode ser prejudicial às crianças. Segundo Raquel, pais que não se beijam ou que não demonstram carinho de casal estão ensinando para seus filhos que é difícil se relacionar. “Na vida adulta, esse indivíduo pode encontrar dificuldades para namorar ou ficar bem em um casamento”, alerta.
Meu filho tem ciúmes do meu marido
No entanto, em alguns momentos o bloqueio vem por parte dos filhos, que demonstram ciúmes ou desconforto quando vivenciam a troca de carinho dos pais. Raquel explica que a saída, nesses casos, é explicar que tem hora para o carinho de mãe e filho e a hora para o carinho de esposa e marido e que nenhum deles é substituível. “As crianças desde novinhas precisam entender que cada um tem seu espaço no núcleo familiar e que ninguém é mais importante do que o outro. Esse fator é essencial para que eles cresçam seguros”, reforça.
Para aqueles que ainda têm receios, a psicóloga diz que é preciso se esforçar para ter uma vida normal na frente dos pequenos. “É importante dar beijo e abraço e sentar um ao lado do outro. Além de essencial para a vida íntima do casal, essas atitudes ainda somam muito para a criança”, finaliza.