Papiloma Vírus Humano

HPV é a sigla, em inglês, para Papiloma Vírus Humano, microorganismo que infecta as células da pele e as mucosas, podendo causar lesões benignas (verrugas), mas também lesões precursoras do câncer de colo uterino.

Existem mais de 100 sorotipos deste vírus e grande parte deles é capaz de infectar a região genital. Entre estes sorotipos há aqueles que são classificados como os de alto risco, muitas vezes encontrados nas lesões malignas, e os de baixo risco, encontrados geralmente nas lesões não malignas, como as verrugas (principalmente os sorotipos 6 e 11).

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Dentre aqueles de alto risco, os sorotipos 16 e 18 merecem atenção especial, por serem os mais comuns nas diversas formas de cânceres de colo. Só para exemplificar, o sorotipo 16, em algumas literaturas, chega a ser responsável por até 70% das lesões malignas invasivas.

A infecção por HPV é o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de colo. Mas a maioria das mulheres infectadas não desenvolve qualquer patologia maligna. Em números, 99% das mulheres acometidas por este câncer têm a comprovação de infecção por este vírus, e apenas 3% a 5% das mulheres infectadas pelo HPV desenvolvem o câncer. Estima-se que, no Brasil, cerca de 7 mil mulheres podem morrer anualmente por causa da doença.

Atualmente, a vacina contra o HPV já se mostrou como um eficiente método de prevenção contra o desenvolvimento do câncer de colo

Este vírus é adquirido por contato sexual, visto que as formas de alto risco só se encontram em mulheres que já iniciaram a vida sexual. Hoje, o HPV genital já é a mais comum infecção sexualmente transmissível. Outros modos de transmissão, como a congênita, de forma vertical (de mãe para filho), são raros e podem acontecer mesmo que a mãe não tenha nenhuma lesão ou sintoma. Estima-se que quase a metade da população feminina mundial esteja infectada, e grande parte não tem conhecimento, já que muitas vezes esta infecção não causa lesão, podendo se manifestar apenas como coceira, corrimento ou totalmente assintomática.

Sempre que fazemos o diagnóstico ou suspeitamos de uma mulher contaminada pelo HPV, devemos considerar encaminhar o parceiro para uma avaliação do urologista, já que no homem, na grande maioria das vezes, esse vírus não causa qualquer lesão visível e faz com que ele possa ser um transmissor assintomático, além do risco aumentado de câncer de pênis que esta infecção acarreta.

Contudo, esse diagnóstico nem sempre é algo simples, quando as lesões são aparentes, clinicamente já se elucida esta infecção. Por outro lado, algumas vezes deve-se considerar a realização de um exame chamado peniscopia, na qual, através de uma lente de aumento, após aplicação de ácido acético, identificam-se as lesões suspeitas, que podem ser biopsiadas e submetidas à análise histológica pelo patologista.

Prevenção

A prevenção da infecção pelo papiloma vírus pode ser feita de algumas formas. Primeiramente, evitar comportamentos sexuais de risco – como múltiplos parceiros e não uso de preservativos, muito importante para a prevenção de outras doenças sexualmente transmissíveis, mas não totalmente eficaz contra o papiloma vírus, já que não consegue cobrir toda a pele da genitália – é de extrema importância.

Em segundo lugar, o contato com superfícies mal higienizadas, como em sanitários desconhecidos, deve ser evitado ou então protegido, assim como o uso de sabonetes, toalhas e outros objetos de uso coletivo.

Atualmente, a vacina contra o HPV já se mostrou como um eficiente método de prevenção contra o desenvolvimento do câncer de colo. Ela não impede a infecção pelo vírus, porém diminui a incidência e persistência da infecção dos sorotipos mais frequentes nesta neoplasia (16 e 18). Aqui, no Brasil, existem duas opções: a quadrivalente e a bivalente, que são produzidas a partir da “capa” do vírus, sem nenhum material genético e administradas em 3 doses. A quadrivalente oferece proteção contra os sorotipos 6, 11, 16 e 18, e a bivalente, contra os 16 e 18, apenas.

A vacinação é indicada para pessoas que ainda não iniciaram a vida sexual, quando sua eficácia chega perto de 100%, contudo, aquelas que já iniciaram a vida sexual também podem ser beneficiadas. O American College of Obstetricians and Gynecologists indica a vacinação de rotina para meninas de 11 a 12 anos, e permite o uso para mulheres entre 9 e 26 anos independentemente de serem sexualmente ativas. No nosso país, mesmo ainda não havendo uma regra específica sobre o uso da vacina, somado ao seu custo elevado, não podemos deixar de recomendar este método, pois se trata de um eficaz meio de prevenção.

O exame ginecológico conhecido como Papanicolau ou preventivo é excelente para diagnosticar as lesões pré-malignas do colo uterino, por mais que não seja um método de prevenção contra a infecção do vírus HPV, é um meio de prevenção do câncer de colo, fazendo o diagnóstico precoce de lesões induzidas pelo papiloma vírus. Assim, deve ser indicado para toda mulher com vida sexual ativa, periodicamente.

Quando identificada alguma alteração pelo exame preventivo, neste caso algum grau de displasia celular (alteração mais grosseira da célula), a paciente deve ser reavaliada. Inicialmente podemos, apenas, fazer outro exame colpocitopatológico (preventivo) num prazo de, aproximadamente, 6 meses e observarmos se houve a regressão desta alteração espontaneamente, quando se trata de displasia leve (conhecida no meio médico pela sigla LSIL).

Porém, o padrão-ouro para diagnóstico, em qualquer mulher que apresente algum grau de displasia, é exame de colposcopia, correspondente a peniscopia no homem, que com um aparelho que se utiliza de lentes de aumento, com um reagente (ácido acético a 3%), conseguimos observar as lesões e ao mesmo tempo fazermos a biópsia das áreas alteradas.

Tratar a infecção pelo HPV é uma decisão que só traz benefício nos casos de lesões precursoras de câncer (quando encontrada no colo do útero pelo exame preventivo); ou, quando a paciente apresenta uma verruga de grande dimensão que traga desconforto, já que cerca 60% a 70% das lesões benignas tendem a remissão espontânea. Os modos de tratamento são inúmeros, tanto para lesões benignas quanto para as pré-malignas, e dependem de diversos fatores (tamanho, localização etc.), por isso, devem sempre ser individualizados e discutidos com a paciente.

Não há um tratamento ideal para o HPV, todos os métodos têm suas vantagens e complicações, a erradicação do vírus não é possível por nenhum método. As lesões causadas pelo vírus podem ser tratadas quimicamente, principalmente com o uso do ácido tricloroacético; medicamentosamente, como por exemplo, com uso da droga imiquimod; ou mesmo, com métodos cirúrgicos, como cirurgia de alta freqüência (CAF), laser e convencionalmente pela excisão com bisturi.

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