Produção independente: como ter filhos sem um parceiro

“O que ouço de muitas pacientes é que elas podem até não se unir a outra pessoa, mas não deixarão de ter um filho mesmo assim. Para elas, a preocupação e o sonho da maternidade podem estar acima do próprio casamento”. A afirmação é da médica especialista em reprodução humana Michele Panzan, da unidade Campinas do Grupo Huntington.

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O cenário atual, com mulheres que pensam na carreira e deixam para serem mães mais tarde, reflete os resultados da emancipação feminina em meados do século passado. Hoje, as mulheres estão cada vez mais autossuficientes e independentes.  “Elas podem escolher o parceiro, decidir se querem ou não casar e, mesmo se isso não ocorrer não se sentirão impedidas de buscar um tratamento para ter filhos“, afirma a médica.

Gravidez aos 40

É cada vez maior o número de mulheres que opta por ter filhos após os 40 anos

A dedicação maior das mulheres à carreira e às realizações profissionais, fez com que a maternidade tardia se tornasse uma tendência no Brasil e no mundo. Algumas mulheres só decidem ter filhos após os 40 anos, período biologicamente desfavorável às funções reprodutivas femininas. Nessa situação, ser mãe naturalmente é praticamente impossível. “Por sorte, a medicina reprodutiva acompanhou essas transformações e auxilia mulheres, com ou sem maridos, a gerarem os próprios filhos”, diz a médica.

Mas ela faz um alerta. “As tecnologias não impedem o declínio da fertilidade que se encerra com a falência dos ovários. Mulheres que querem engravidar após os 35 anos, com histórico de menopausa precoce na família e que passaram ou passarão por tratamentos oncológicos, devem ficar atentas para não correrem o risco de não ter mais óvulos próprios”, explica.

Alternativas para maternidade independente

Taxas de gravidez através de óvulos doados e congelados geralmente são altas

Congelamento de óvulos 

É uma alternativa cabível para, mesmo tardiamente, ter filhos com óvulos próprios. É muito recomendada se exames de dosagem hormonal deflagrarem uma baixa contagem de óvulos”, diz a médica.

Doação de óvulos

“Mulheres que não possuem os próprios óvulos podem recorrer à doação dessas células. Aquelas que optam pela ovodoação acabam apresentando taxas altas de gravidez, uma vez que essas células vêm de doadoras jovens que podem ser selecionadas de acordo com as características da receptora. Doadora e receptora não se conhecem e as identidades permanecem anônimas por lei”, explica.

Doação de espermatozoides 

Assim como a doação de óvulos, a receptora pode escolher um doador com as características que achar importantes. Doador e receptora também não poderão saber um da identidade do outro. No Brasil, já existem bancos de óvulos e, eventualmente, a mulher pode recorrer a células de bancos internacionais, em que, geralmente, a quantidade de informações sobre o doador é maior”, afirma.

Tratamento de fertilização

A médica explica que, após os óvulos terem sido descongelados ou os gametas obtidos através de bancos de doadores, a fertilização in vitro (FIV) será o procedimento utilizado para que haja a fecundação das células e elas sejam transferidas ao útero. “A FIV pode ser realizada com os próprios óvulos descongelados e os espermatozoides de um parceiro, ou o doado. Também é possível realizá-la com ambos os gametas (masculino e feminino) doados. As taxas de gravidez que acontecem através de óvulos doados e congelados geralmente são altas, por esses tipos de células terem sido preservadas ou recolhidas em idade reprodutiva”.