Pai e mãe adoram quando seu filho chega na festa falando com todo mundo, ou quando repetem “gracinhas” cada vez que solicitados por tios, parentes e conhecidos. Mas e quando isso só acontece com o filho do seu amigo, porque o seu é tímido?
Vivemos um momento em que muitas vezes embarcamos no senso comum de que as pessoas extrovertidas são as mais bem-sucedidas. Por conta disso, exige-se das crianças mais tímidas comportamentos que elas não estão preparadas para ter. É preciso aceitar e respeitar o temperamento de cada um, sem exigir que o pequeno se enquadre em padrões preestabelecidos ou mais aceitos pela sociedade.
Embora possa incomodar alguns pais o fato de seu filho não ser a criança mais popular da escola, a timidez só deve ser encarada como problema quando prejudica seu convívio social
Timidez é característica e não defeito! Pode aparecer de forma mais acentuada em uns do que em outros. Embora possa incomodar alguns pais o fato de seu filho não ser a criança mais popular da escola, a timidez só deve ser encarada como problema quando prejudica seu convívio social.
Portanto, fique atento se a criança se isola, não faz amizades, prefere ficar sozinha no quarto a brincar com os amiguinhos ou precisa da ajuda dos pais para tudo. Se não consegue transpor um obstáculo para realizar alguma tarefa, como solicitar ao professor para ir ao banheiro, pedir alguma informação ou fazer alguma tarefa em grupo na escola, aí sim, é preciso maior atenção dos pais para ajudá-la.
Caso contrário, se seu filho apenas demora um pouco mais a se soltar em ambientes que não conheça, é mais calado do que falante, não gosta de estar em situações de evidência ou se sente envergonhado em situações onde será avaliado, relaxe! Não existe problema nenhum nisso. Apenas aceite o traço característico da criança.
Mas cuidado: é preciso que a criança seja educada para lidar com esta característica, para que ela não queira ser o que não é e não seja prejudicada em situações sociais. Há muitas formas de se incentivar a sociabilidade da criança, mas tudo com cautela, sem pressões . É importante estimular pequenas iniciativas como escolher a roupa, o sabor do sorvete, o passeio que quer fazer, ou seja, a criança deve expressar suas vontades e idéias.
Timidez não é sinônimo de dependência ou de incapacidade! Portanto, as mamães superprotetoras devem “segurar a onda” e evitar fazer as coisas pelo filho. Sabe aquela história de falar com a professora sobre a dúvida do pequeno ou mandar recado sobre o que ele quer comer? Pior ainda: quando alguém faz alguma pergunta e a mãe corre na frente dizendo: “Ele é tímido”, e ela mesma se encarrega de responder e resolver. Nem pense em continuar com este comportamento, pois certamente isso não ajudará seu filho em nada – pelo contrário, só colabora para que ele se feche ainda mais.
Seu filho precisa agradar a si mesmo e não aos outros. E lembre-se: muitas vezes é melhor ficar calado que falar besteira!
Márcia Mattos é psicopedagoga e pedagoga do Apprendere Espaço Psicopedagógico.