Alerta na beleza

É para o salão de beleza e clínicas de estética que a gente corre quando é preciso retocar os cabelos, dar um trato nas unhas, caprichar no bronzeado ou dar um fim definitivo aos pêlos. Nada mais justo, afinal nós merecemos! Porém, muito mais que a beleza, os profissionais da estética lidam também com a nossa saúde. É preciso estar atenta à escolha de um bom estabelecimento e de um bom profissional, que sigam algumas regras básicas de conduta e de limpeza. Não existe vaidade que resista a queimaduras decorrentes do laser mal aplicado, das câmaras de bronzeamento desreguladas ou a doenças como micoses, hepatite C e até mesmo a AIDS.

À primeira vista

Antes de investir o seu dinheiro em estética, dê uma investigada básica no estabelecimento. A oferta de serviços estéticos é grande e no meio de tanto trigo pode haver joio. Para saber se suas expectativas serão alcançadas e, o mais importante, com segurança, visite a clínica ou o salão que você escolheu e faça uma vistoria. “A gente pensa que, quando é caro, o serviço é bom, mas o preço às vezes é pura fachada”, revela Hélder Falcão, coordenador de beleza do Senac Rio.

A escova de cabelo e o pente precisam ser individuais. Cada cabeleireiro deve ter um estoque limpo

Segundo ele, o critério básico a ser observado é a higiene. Repare se o ambiente é limpinho, organizado, se o chão e paredes são limpos, se os objetos são esterilizados e se os produtos utilizados são de qualidade. “Todos os químicos e cosméticos têm que ser aprovados e certificados pela ANVISA”, informa o coordenador. “Não se pode inventar nenhuma fórmula de fundo de quintal, porque isso coloca em risco a saúde do cliente e a do próprio profissional”, completa. E fique de olho na validade! Hélder Falcão diz que não há motivos para se envergonhar ao pedir para checar a validade do produto.

Outra dica: fique atenta à certificação dos profissionais e do estabelecimento. É importante que ele tenha um alvará da Vigilância Sanitária do seu município para funcionar. Afinal, o órgão fiscaliza e aperta o cerco a favor de todos esses critérios de higiene e saúde.

Unha sai, cutícula fica

Hora de dar um jeito nas unhas. Elas devem ser cortadas de forma reta, deixando uma pequena porção da borda livre. “Nunca arredonde as suas unhas, porque isso pode levar ao encravamento”, ensina a dermatologista Denise Steiner. Segundo Dr. Roberto Figueiredo, o Dr. Bactéria do Fantástico, da Rede Globo, não é bom retirar as cutículas, porque elas são uma proteção das unhas.

Mas, em todo caso, se você preferir retirá-las, um alerta de experts da área: para amolecer as cutículas, prefira usar algodão umedecido. Se o esquema ainda for o das bacias e cumbuquinhas, veja se elas estão forradas com um plástico, que deve ser descartável e trocado a cada cliente. Hélder Falcão aconselha, também, a utilização de luvas pelas profissionais de estética. E o Dr. Bactéria vai mais além. Segundo ele, o ideal é que após cada sessão a manicure ou pedicure lave as mãos com sabonete líquido com ação contra microrganismos. “Os que contêm triclosan na fórmula são ótimos”, aconselha.

Desinfetando e descartando

Tudo isso para evitar contaminação. Imagina se arrancam aquele “bife” do seu dedo? Uma bactéria pode entrar na ferida e fazer um estrago. “As infecções purulentas são muito comuns em estabelecimentos não-higiênicos”, informa o Dr. Bactéria. Como se não bastasse, doenças graves como a AIDS e a hepatite C podem ser transmitidas em salões de beleza através de instrumentos mal-higienizados que contenham sangue de alguém contaminado.

O perigo mora neles: alicates, empurradores, tesouras e outros utensílios de metal. Eles devem ser lavados com sabão neutro após o uso e, em seguida, passar pela esterilização. Aliás, é preciso prestar bastante atenção nesse quesito. Sabe aqueles forninhos? Pois é, segundo Hélder Falcão, aquilo e nada é a mesma coisa! “O estabelecimento deve ter uma autoclave”, diz. “Mas também de nada adianta colocar os instrumentos na estufa sem antes terem sido lavados”, explica. Roberto Figueiredo completa: “Os objetos devem permanecer em estufa a 160° C por duas horas ou a 170ºC por uma hora”.

Já as lixas, palitos de madeira e outros utensílios não metálicos devem ser descartados, porque podem transmitir micoses de unha e de pele, que são muito difíceis de serem tratadas. De acordo com Hélder Falcão, aliás, os palitos são coisa do passado. Agora o que se usa são os substitutos de plástico. Tudo descartável! “Os salões devem oferecer um kit para cada cliente. Ela mesma pode jogar tudo fora depois”, afirma Hélder.

Debaixo dos caracóis

Já reparou que alguns salões de cabeleireiro utilizam a mesma escova ou pente em várias clientes? É, quem não pegou piolho ou caspa, teve sorte! Segundo o Dr. Bactéria, a caspa pode ser causada por fungos, como o Pityrosporum ovale, transferido de uma cabeça para outra por pentes e escovas não lavadas. Algumas micoses também!

“A escova de cabelo e o pente precisam ser individuais. Cada cabeleireiro deve ter um estoque limpo”, afirma Hélder Falcão. A limpeza é feita removendo os fios de cabelo e lavando com água e sabão. O mesmo serve para os pincéis de maquiagem, que também devem ser individuais e muito bem desinfetados. E sabe aquelas esponjas que os maquiadores usam para passar pó? Elas também devem ser descartáveis! Não deixe que ninguém use em você esponjas já carcomidas pelo uso.