Que vivemos num mundo de ditadura estética, ninguém mais duvida. A idéia em si foi tão amplamente falada – em vez de discutida – que já até virou conversa informal de botequim: “Vocês viram como a Angélica emagreceu? Pois eu soube que era para fugir do estereótipo ‘mulherão de coxas grossas’! Então deve ter sido o mesmo motivo pelo qual a Juliana Paes está pele e osso!”. Mas tal como as estrelas, as mortais comuns também sofrem para se encaixar no perfil. Exageram na academia, se embebedam de água e procuram resistir, num esforço sobre-humano, a vontade de abocanhar um pãozinho. O mais frustrante é que, ainda assim, aquela gordurinha no pé da barriga (que aos próprios olhos são quilos e quilos de banha) teima em continuar lá. É neste momento de desespero, em que os esforços parecem não alcançar o padrão estético de Kate Moss, eis que vem o conselho daquela amiga sarada, no banheiro da academia: “Você já pensou em experimentar suplementos?”.
Parecem palavras mágicas, e você se pergunta como não havia pensado em tentar antes. Mas o que são suplementos? Seriam esteróides, anabolizantes, bombas? Não. Como o nome propõe, são uma complementação nutricional que agem no organismo de diferentes formas, tanto para reduzir gorduras quanto para dar massa muscular. O anabolizante visa incrementar o potencial muscular. As formas naturais são raras e facilmente detectáveis. Por isso, alguns atletas tendem a usar, de modo ilícito, formas artificiais com composições químicas de difícil detecção no exame antidopping.
Os maiores adeptos dos suplementos são os homens, na maioria jovens, que sonham em ter, de dia para o outro (santa impaciência masculina), belos pares de bícepes e uma barriga do famoso tipo tanquinho – dura e toda definida por ondinhas. Mas as mulheres, entre 15 e 30 anos, não são um mercado a parte para esses produtos. A sensação do momento entre elas é o CLA (Conjugated Linoic Acid), cápsulas que prometem mil benefícios para o corpo e a saúde por apenas R$ 90 ao mês. Embora a substância seja encontrada em vários alimentos, a matéria-prima que compõe o CLA é o óleo de girassol ou de uma flor chamada safflower, encontrada apenas nos Estados Unidos.
Mas o que são suplementos? Seriam esteróides, anabolizantes, bombas?
Só de ler o rótulo, a pessoa não resiste e compra: “reduz a gordura corporal, garante a definição muscular, evita o efeito sanfona, acaba com a gordura localizada da barriga, retarda o envelhecimento sob o efeito oxidante e evita câncer de mama”. “Isso é propaganda enganosa. Para perder peso é fundamental alimentar-se de forma adequada, com a associação de atividades físicas”, afirma o nutrólogo Celso Cukier, diretor do Instituto de Metabolismo e Nutrição (Imen). Para o médico, suplementos são um engodo, que são mais eficazes em tirar o dinheiro dos usuários do que as gorduras – que ele propõe sejam queimadas.
De acordo com a própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o nome correto dessa categoria de produto é “complementação nutricional”. “Isso demonstra sua função de surprir deficiências alimentares”, defende Cukier. “O nome suplemento é mais utilizado e conhecido; é mais explorado comercialmente porque passa a sensação de que está contribuindo positivamente com algo mais”, completa.