Assumir seu cabelo afro também não deixa de ser uma forma de afirmação. Em meio a um bombardeio de escovas progressivas, chapinhas e massificação do cabelo liso como ideal de beleza, tratar dos fios crespos e mostrar como eles também são lindos tornou-se uma questão de autoestima para várias mulheres.
“Quando o movimento negro estava em alta, as mulheres assumiam mais, agora muitas aderem à escova, não aguentam a pressão. Acho que assumir também passa por uma ideologia, assumir sua beleza. Mostrar que o cabelo afro também é bonito, a mulher negra também é bonita. Acho interessante assumir a sua identidade”, comenta Cida.
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Muitas jovens têm aderido ao que Cida chama de movimento e deixaram a cabeleira solta. Debora Dantas, jornalista de 24 anos, decidiu mudar ano passado, após uma temporada na Alemanha.
“Pensava em assumir muito tempo antes de fazê-lo, mas tinha medo do processo. Então eu viajei e lá não tinha como usar química, porque era muito caro. Aí foi a chance. Não tinha outra opção que não deixá-lo crescer natural. Mas o processo é lento, então usei tranças e as mantive por mais quatro meses mesmo depois de ter voltado ao Brasil. Já queria muito deixá-lo solto, então um dia eu cortei o que ainda havia da outra química e libertei minhas madeixas”, conta.
O preconceito e piadinhas sobre seu estilo são tiradas de letra por ela. “Hoje em dia acho que as pessoas super aceitam, mas depende muito de onde você circula. Em Bangu, onde meus pais moram, ainda vejo pessoas cochichando e apontando. Mas onde trabalho, moro e circulo, normalmente não vejo problemas não. Só teve um dia que um cara gritou gratuitamente ‘teu cabelo é bonzão pra ariar as panelas lá de casa’, mas casos assim não são muito comuns no meu dia a dia. Ou eu simplesmente não os enxergo”.
Cabelo crespo é estilo e afirmação da sua etnia.
Luana Dias, 25 anos, também se libertou. Depois de penar com processos químicos mal sucedidos e ultrapassar a barreira do preconceito – até dela mesma – assumiu o corte black power há um mês. “Cabelo crespo é estilo e afirmação da sua etnia. Não condeno as pessoas que têm cabelo alisado e com química. O cabelo é uma forma de expressão e cada um usa como quiser e se sentir bem. Só acho que as pessoas têm que ter consciência do que são. Sou negra e meu cabelo é crespo e não ruim. Ainda existe o preconceito. Muitas pessoas ainda acham o cabelo crespo feio”, declarou a jornalista, que fez muito sucesso com o novo visual.
“No início, achei que não ficaria legal. Como acho meu rosto muito grande, achava que black curto não comporia o visual. Mas estava insatisfeita com minhas tranças e um dia resolvi cortar. Ficou lindo, leve, natural. Meu rosto realçou mais. Me senti mais bonita e confiante. Depois do corte, recei muitos incentivos e elogios. Só precisava de um empurrão”.
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