Mário Quintana dizia que envelhecer é ótimo, já que a outra opção é um tanto quanto fatal. Para quem acalenta o sonho impossível da juventude eterna, a frase do poeta soa como um despertador. Mas as novidades da indústria cosmética, pelo menos, trazem um consolo, garantindo um envelhecimento mais bonito e, acima de tudo, mais digno. Principalmente agora, quando, depois de muito se falar sobre as ações do tempo no rosto, esses cuidados estão se extendendo por todo o corpo. São os cremes e loções que pipocam nas prateleiras das lojas especializadas, com as últimas palavras e substâncias contra os efeitos nocivos do relógio.
De um modo geral, o envelhecimento orgânico e, consequentemente, da pele começa a acontecer a partir dos 25 anos. No entanto, a forma com que esse processo é sentido depende muito de uma infinidade de fatores, como predisposição genética, o grau de exposição do corpo ao sol, ao vento e ao frio e, principalmente, dos cuidados de prevenção. “Desde cedo, é muito importante hidratar e esfoliar a pele, principalmente hidratar. A pele do corpo é diferente da pele do rosto, sobretudo nesse aspecto, porque tem muito menos glândulas sebáceas. E o ressecamento é o principal vilão do envelhecimento”, garante a dermatologista Marcia Ramos e Silva. Isso porque, com o tempo, as funções glandulares diminuem ainda mais, comprometendo a irrigação da pele e transformando da textura à tonalidade. “Os problemas são muitos porque também há menos circulação sangüínea no tecido, o que acarreta perda daquele aspecto rosado, além da diminuição das fibras elásticas. Tem também as diferenças de pigmentação, o surgimento das manchas senis. Rapidamente se sente isso nas mãos e nas pernas. Mas tudo isso tem solução hoje em dia, com tratamentos com ácidos e cosméticos apropriados”, acrescenta o dermatologista Paulo Roberto Araújo.
Falando neles, novidades nesse assunto é o que não faltam. Depois das experiências nos tratamentos anti-rugas e contra o envelhecimento da pele do rosto, as principais marcas de cosméticos internacionais vêm aumentando suas linhas de produtos para o corpo. A Biomarine, por exemplo, aproveitou o sucesso do DMAE na manutenção da firmeza da pele na loção pré-hidratante Bodylift (R$ 158). Também para antes do creme, a Le Praire lançou o Body Buster (R$ 824), uma loção que aliza e uniformiza a pele. Dos hidratantes, a Cristian Dior lançou a linha Revitalization (R$ 134), com um creme anti-envelhecimento que promete ativar a produção de colágeno e a Sisley mandou para as prateleiras o Hydra Flash (R$ 525), apostando em sua linha botânica. Mas o que não faltam também são os exotismos e as substâncias inusitadas, como o polêmico hidratante anti-rugas da La Praire, feito à base de extrato de caviar, que promete um lifting imediato. O pote, com cerca de 150 ml, não sai a menos de R$ 1.400, ainda mais caro do que o creme para renovação celular da Guerlain, que leva ouro 18 quilates na fórmula. Esse, sai por módicos R$ 203.
Marcia Ramos e Silva, entretanto, adverte que ninguém precisa torrar o salário num vidro de creme para não se ver fadada ao estigma do maracujá de gaveta. “Alguns desses produtos são realmente muito bons. Mas o que é absolutamente imprescindível é a hidratação, que pode ser feita com um produto mais barato, desde que adeqüado para o tipo de pele da pessoa”, garante ela. Por isso, uma básica visitinha ao dermatologista pode ser crucial. “Recebo muita gente no consultório usando produtos caríssimos que não estão fazendo qualquer efeito, quando não piorando a situação. É muito importante conhecer o seu tipo de pele e também não misturar os produtos para o corpo e para o rosto”, diz ela. Tudo isso, é claro, aproveitando o que o tempo tem de melhor. “Só não envelhece quem morre cedo!”, encerra Marcia.
