Manchas do passado

por | jun 30, 2016 | Beleza

Quem nunca desejou ter a pele a la Isabella Rossellini – linda, lisa, perfeita, sem uma marquinha sequer – naqueles anúncios de cosméticos? Mas, aqui no mundo real, a idade vai chegando e não há nada mais natural do que ficar cheia de manchinhas e sardas nas mãos, no colo e no rosto, certo? Errado! Ao contrário do que se pensa, algumas manchas não são “sinal dos tempos” e sim da falta de cuidado e da superexposição ao sol. Ter a pele lisinha, viçosa e absolutamente homogênea não é um sonho impossível e o verão é a melhor época para começar a tratar do problema.

Você certamente já deve estar cansada de ouvir e pode até parecer manjado e repetitivo, mas os dermatologistas não se cansam de dizer, em alto e bom som: o protetor solar é a melhor prevenção contra as marcas da idade, contra o câncer de pele e, claro, contra as machinhas e pintas indesejáveis, que insistem em se proliferar. “O filtro é indispensável em qualquer situação, pois ele impede que você receba os raios ultravioleta, que são extremamente nocivos”, explica a dermatologista Maria Valéria Pinheiro. O ideal, segundo ela, é passar o filtro antes de sair de casa e reaplicá-lo a cada duas ou três horas. O sol tem efeito cumulativo no organismo, ou seja, os “malefícios” não são eliminados do corpo e quanto mais sol você toma, mais as marcas são acentuadas. Sobre o fator de proteção, o dermatologista Evam Magalhães afirma que acima do 15 só tem valor comercial. “O Fps 15 é o ideal e protege o suficiente”, garante.

O cuidado deve ser redobrado se você for muito branquinha e já tiver sardas. “Muita gente acha bonitinho, mas elas podem ser perigosas depois dos 25 ou 30 anos. É preciso clareá-las para não correr o risco de ter câncer de pele”, alerta a dermatologista Izilda Penteado. A questão não é só estética, mas também de saúde. A estudante de direito Renata Goldschimdt optou por fazer um tratamento para clarear as pintas que ela tinha no colo preocupada com as conseqüências que elas pudessem ter. “Por mais que eu tenha 25 anos, minha pele já estava muito envelhecida por causa dos anos de praia. Eu tinha medo que os sinaizinhos pudessem virar câncer. E a aparência ficou dez”, diz ela.

Correndo atrás do prejuízo – Se você é daquelas que nunca se preocupou em se proteger do sol, abusou das horas de praia e já está com muitas manchas, agora é hora de remediar. Antes de mais nada, você precisa consultar um médico especialista para saber, no seu caso, o que pode ser feito. Há diversos métodos de clareamento para os diferentes tipos de manchas. De acordo com a dermatologista Izilda Penteado, as manchas podem ser de origem congênita ou adquirida. Na primeira categoria estão as de nascença – estilo Angélica – e as sardas, que são hereditárias. Na segunda, estão incluídas as manchinhas causadas pelo sol (manchas solares ou senis), por ferimentos, produtos químicos, frutas cítricas, perfumes, e aquelas que aparecem depois da gravidez ou do uso de pílula anticoncepcional (melasma). Elas também podem ser divididas em claras (hipopigmentação) ou escuras (hiperpigmentação), ou seja, com mais ou menos melanina. O melhor é que todas, ou quase todas, podem ser removidas com laser, peeling químico e cremes clareadores.

Peeling químico – No verão, o melhor a ser feito para cuidar das manchinhas é a prevenção. Enquanto a temporada de sol segue a mil, o negócio é protetor solar até debaixo d’água para, quando o inverno chegar, se submeter aos peelings químicos. Eles são feitos por dermatologistas, no consultório, com a aplicação de ácidos que produzem uma esfoliação, retirando os pigmentos das camadas mais superficiais da pele e suavizando, inclusive, pequenas rugas. “Eu uso, em geral, uma combinação de ácidos e cremes despigmentantes. Esse tipo de tratamento precisa de dedicação, porque não costuma ser rápido”, afirma Maria Valéria Pinheiro.

Há vários tipos de substâncias que provocam a escamação e as principais são os alfa-hidróxiácidos, ácido glicólico, hidroquinona, ácido tricloro acético, ácido salicílico e o ácido retinóico. Cada médico vai formular um composto que se adequa mais ao seu tipo de pele. Mas atenção: você vai precisar tomar muito cuidado com o sol e com a luz, pois alguns ácidos são fotoreagentes e podem causar queimaduras, se você não usar e abusar dos filtros solares. A aplicação é supersimples: basta limpar a pele, aplicar o ácido sobre ela e depois é só retirar a substância. O ácido faz a pele arder um bocadinho, mas nada muito grave, depende do tempo e da concentração do produto.

A jornalista Rafaela Cruz, de 22 anos, fez tratamento com peeling no ano passado e garante que, em quatro meses, os resultados já estão bem aparentes. “Como sou mulata, minha pele sempre manchou com facilidade. Qualquer espinha ou machucado deixa marca. Eu estou usando ácido retinóico associado a outras substâncias, além de um bom protetor solar. As diferenças são gritantes e todo mundo já percebeu que estou de cara nova”, diz, animada.

Laser – O tratamento era caríssimo e quase impensável, mas os tempos mudaram e o laser já está bem mais acessível. Segundo o Dr. Franklin Carneiro, do Laser Surgical Center, a técnica elimina quase todos os tipos de manchas, desde as vasculares (como as do Gorbachev) até as sardas. “A vantagem do laser é que ele é seletivo, ao contrário dos ácidos. O calor é atraído pelo pigmento e destrói a mancha. No caso das vasculares, ele cauteriza os vasos”, explica o médico. Para clarear as manchinhas com bastante eficácia, o Dr. Evam Magalhães combina o peeling com o laser. “Eu preparo a pele com clareamento químico, depois uso o laser e finalizo com o químico, novamente”, afirma. Além disso, o médico recomenda o uso de vitamina C tópica.

As maravilhas da Vitamina C – Ela é a coqueluche da indústria cosmética e, pelo que dizem os dermatologistas, deixou de ser só uma boa arma contra a gripe a passou a ser também uma inimiga das rugas, dos radicais livres e das marcas na pele, pois regula a produção de melanina, a principal causadora das manchas. A vitamina C (ácido ascórbico) atua como um importante antioxidante natural e estimula a produção de colágeno (que faz a pele agir como se fosse jovem). Em cremes ou soro, ela contribui para suavizar as linhas de expressão já existentes e ajuda a clarear as manchinhas, dando à pele um tom mais homogêneo. O Dr. Evam Magalhães afirma que gosta muito de usar uma composição de ácido kójico com vitamica C pura. “Além de ser fundamental para o bem-estar geral, ela dá bons resultados quando usada na forma tópica”, afirma. A pele contém, naturalmente, ácido ascórbico e ele vai sendo eliminado com a exposição ao sol, por isso, é importante tentar reavê-lo.

Além de deixar a sua pele revitalizada e linda, o clareamento das manchas também evita que elas possam trazer problemas futuros. Muito protetor solar (sempre!), muita hidratação, um bom dermatologista… Et voila: uma pele linda!