Pílulas mágicas?

Hoje, os anúncios de “emagreça sem esforço”, “perca peso sem fazer dieta” e “fique magra em poucas semanas” são cada vez mais comuns e tentadores. Não é pecado algum querer ter um corpo mais esbelto, mas é importantíssimo saber o que essas substâncias quase “milagrosas” realmente fazem, antes de optar por elas – e correr o risco de comprar gato por lebre. Será que elas emagrecem mesmo? Que efeitos podem causar no organismo? Se você não é chegada a uma academia, acha muito sacrifício deixar de lado o chocolate e pensa que essa pode ser a solução para os quilinhos indesejáveis, é bom ficar atenta.

Às vezes faz-se uso de um chá que é diurético, e a pessoa apenas desincha um pouco, porque perdeu água, mas não elimina gordura

De fato, há substâncias fitoterápicas que podem ajudar na perda de peso, que, inclusive, estão sendo muito difundidas e comercializadas em forma de cápsulas. Mas, antes que você pense que é só tomar uma dessas pílulas para ficar magra, saiba que os médicos recomendam muita cautela com essa febre de emagrecedores naturais. “Algumas plantas e ervas são vistas como uma alternativa para quem quer perder peso e, de fato, auxiliam no emagrecimento, mas como coadjuvantes. Elas não fazem milagres. A atividade física, a reeducação alimentar e a redução do estresse e ansiedade devem ser sempre privilegiadas”, afirma o endocrinologista Flávio Madruga, especialista ortomolecular e membro da Associação Brasileira de Nutrologia e da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade.

A nutricionista funcional Barbara Sanches, da VP Consultoria Nutricional, lembra que, apesar de serem considerados naturais, isso não quer dizer que os fitoterápicos sejam inofensivos. “Ainda existem poucos estudos e consensos sobre o seu uso, interações, efeitos colaterais e contra-indicações. Portanto, os fitoterápicos devem ser usados com o acompanhamento de médicos e nutricionistas capacitados para que a sua ação seja avaliada”, ressalta. Flávio Madruga reforça que é fundamental procurar um profissional de saúde antes de comprar produtos para emagrecer, pois só ele poderá investigar as causas do aumento de peso e indicar e autorizar a melhor solução para cada caso. “Às vezes faz-se uso de um chá que é diurético, e a pessoa apenas desincha um pouco, porque perdeu água, mas não elimina gordura”, exemplifica o especialista.

A endocrinologista Giselle Taboada, da Rede Labs D’Or, vai mais além: segundo ela, as pessoas devem desconfiar das “fórmulas milagrosas” prescritas por alguns médicos que prometem emagrecimento rápido. “Elas podem ter derivados anfetamínicos, diuréticos e laxativos que promovem uma repentina perda de peso – em grande parte por causa da desidratação – que é rapidamente recuperado com a interrupção do uso. De maneira geral, se desconhece os efeitos deletérios do uso prolongado destas substâncias. Além disso, os fitoterápicos não têm eficácia cientificamente comprovada, não sendo possível afirmar com certeza se funcionam ou não para todos”, alerta a médica. Entre os possíveis efeitos negativos, estão: o aumento da diurese (freqüência para urinar), a diarréia e até mesmo gastrites e úlceras, pois alguns fitoterápicos, em doses excessivas, podem agredir o estômago.

Poderosas plantas

Com acompanhamento adequado e doses certas, os fitoterápicos podem ajudar no emagrecimento, aliados a mudanças de hábitos necessárias. O Bolsa de Mulher separou os mais famosos e mais indicados atualmente e perguntou aos especialistas o que cada um deles faz. Quer saber as respostas? Então, confira:

Faseolamina (Phaseolus vulgaris) O princípio ativo é retirado do feijão branco. A faseolamina, atualmente muito vendida em cápsulas, é capaz de reduzir de maneira significativa a ação da enzima alfa-amilase, responsável pela digestão do amido (carboidrato) que ingerimos. Sem a ação desta enzima, o organismo não consegue absorver as moléculas inteiras de carboidratos, sendo, então, eliminados – reduzindo o acúmulo de calorias. “Ela pode também reduzir e/ou manter os índices glicêmicos estáveis, pois, ao reduzir a absorção de carboidratos, diminui também a atividade do hormônio insulina, evitando a elevação da glicemia, que é um dos principais fatores que fazem ativar o acúmulo de gordura corporal”, esclarece a nutricionista Barbara Sanches. Em doses elevadas, pode causar gases e diarréia.