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Por MulherPublicado em 18 Abril, 2018
Os últimos dias foram marcados por grandes perdas para o mundo das artes afro-brasileiras. Domingo, dia 15, a pernambucana, escritora, coreógrafa, artista plástica e folclorista Raquel Trindade, aos 81 anos, faleceu após não ter resistido a uma cirurgia no coração, realizada no Instituto do Coração de São Paulo. Menos de dois dias depois, também foi anunciada a morte, por insuficiência respiratória, de Dona Ivone Lara, aos 97, cantora,compositora e referência no mundo do samba e da MPB.
Por mais que a perda das duas matriarcas negras seja triste e extremamente significativa, ambos os velórios foram realizados em clima de festa e tiveram grande repercussão. Artistas como Zeca Pagodinho, Arlindinho Cruz, Criolo e Roberta Sá também prestaram homenagem nas mídias sociais.
Importância
Em suas trajetórias pessoais e profissionais, ambas inspiraram e impulsionaram outras mulheres a terem autoestima e independência. Raquel dizia ter sofrido na vida todos os tipos de preconceito: por ser mulher, por ser negra, por ser artista popular, por ser pobre, por ser nordestina e por ser de religião de matriz africana. Ela foi uma importante ativista contra o racismo, uma guardiã e compartilhadora de conhecimento, ícone de resistência e liderança feminina.
Já Dona Ivone Lara enfrentou o machismo no universo do samba. Foi a primeira mulher a assinar um samba-enredo: “Os cinco bailes da história do Rio”, do Império Serrano, em 1965. Também está entre as pioneiras a integrar a ala de compositores de uma escola de samba. Mesmo só conseguindo se dedicar totalmente às composições de samba tardiamente, aos 56 anos, quando se aposentou como enfermeira, Dona Ivone tornou-se a maior compositora e melodista do gênero no Brasil.
Despedida
O velório da Rainha Kambinda, como Raquel era conhecida, foi realizado no Teatro Popular Solano Trindade, em Embu das Artes - SP, fundado por seu pai, Solano Trindade, há 43 anos. Durante a tarde de segunda-feira, 16, foi realizado no Centro Histórico de Embu das Artes, um grande cortejo regado a samba e maracatu, com a presença de amigos, artistas, e familiares. O evento foi animado, com depoimentos de agradecimento e reverência a ela. O enterro aconteceu no Cemitério do Rosário.
Não foi nada diferente com a Grande Dama do Samba, apelido de Dona Ivone Lara. O grande velório foi regado a samba e cerveja, e contou com a presença de Alcione e Eduardo Paes, ex-prefeito do Rio de Janeiro. Sobre o caixão, foram colocadas a bandeiras da Império Serrano e do América, clube de coração da sambista.
Ainda vivas
No Museu Afro Brasil, em São Paulo, há livros e fotografias que exploram a trajetória de Dona Ivone Lara, como a biografia “Ivone Lara, a dona da melodia”, escrito por Katia Santos. Já Raquel Trindade está representada no museu com a pintura “Pau de Sebo”, em óleo sobre tela, que pode ser conferido na exposição de longa duração.