Lubrificantes X géis
Saindo da vertente básica, é possível encontrar lubrificantes com funções que vão muito além de facilitar a penetração. Os comestíveis apresentam sabores e aromas como morango, chocolate, abacaxi, cereja ou menta – tem para todos os gostos! Antes de sair enchendo a cesta de compras, porém, é fundamental ler os rótulos com atenção. Produtos como géis e cremes de massagem são constantemente confundidos com lubrificantes, causando alergias e irritações nas mulheres. Portanto, todo cuidado é pouco.
A terapeuta sexual Glene Faria esclarece. “Existem dois tipos básicos de lubrificantes. Os à base de água não causam alergia nem irritação, e podem ser utilizados em qualquer momento da vida, inclusive diariamente. Já os que têm corantes, com cores e sabores variados, podem causar alergias. O ideal, portanto, é que esses sejam utilizados apenas em ocasiões especiais. Mas as reações variam. Há pessoas que têm reação com uma única aplicação, e outras que nunca desenvolvem problemas”, diferencia Dra. Glene.
Além das possíveis reações, um lubrificante que não seja à base de água pode ainda provocar o rompimento do preservativo. “Lubrificantes de base mineral podem estourar o látex durante o atrito. Mas todo mundo sabe que, na falta de opção, usa-se de tudo. Cremes para massagem, substâncias oleosas e até gel de cabelo”, conta Márcio Santos.
Os que prometem o estreitamento da vagina podem agredir a mucosa
Sensação zero
Prolongar a ereção, retardar a ejaculação masculina, ou estreitar o canal vaginal. Essas são algumas das promessas mais recorrentes nos frascos de lubrificantes. Mas cuidado! Além de possivelmente não gerar nenhum efeito, eles ainda podem dar reações indesejáveis. “Os que prometem o estreitamento da vagina costumam ter na composição plantas típicas da região nordeste. Mas o efeito dura pouco tempo e pode agredir a mucosa”, adverte Dra. Glene Faria.
Já o Retarder, muito procurado por homens rapidinhos, não deve ser utilizado sob hipótese alguma sem camisinha. Composto de desensibilizadores – próprios para serem aplicados sobre o pênis -, além de retirar a sensibilidade da mulher, não tem um pH compatível com o vaginal, podendo acarretar reações alérgicas, ardores ou queimações.
Apesar de antigo, uma vertente de lubrificantes ainda causa polêmica. São os de efeito anestésico. Inicialmente lançados para facilitar o sexo anal, dividem opiniões. O empresário Márcio Santos é um dos que não vê utilidade no produto. “Se você está transando, é para vivenciar todas as sensações, aquela explosão de sentidos que o sexo dá. Só que quando se anestesia, não sente nada. Isso é um contra-senso”, diz Márcio.
Na opinião do empresário, as mulheres recorrem a este tipo de lubrificante por falta de opção. “Quando as mulheres se iniciam no sexo anal, sentem dor. Mas isso acontece porque a maioria dos lubrificantes disponíveis no mercado são muito ruins. Eles secam rápido demais, grudam, colam. Sem experiência, não sabem que é preciso reaplicar”, diz Márcio.
Além de sentirem dor devido à ineficácia do produto, elas tendem a, em uma próxima vez, recorrer a um produto que diminua a dor, como é o caso dos anestésicos. “As mulheres que querem fazer sexo anal sofrem muito. É tão absurdo que aqui algumas farmácias colocam na mesma prateleira, lado a lado, lubrificantes e xilocaína. Mas com um bom lubrificante não é preciso nada disso”, garante o empresário Márcio Santos.
Já a sexóloga Glene Faria acredita que a maioria desses lubrificantes tenha um efeito puramente psicológico. “Entre a classe médica, consideramos o anestésico dos lubrificantes de efeito placebo. Durante o sexo anal há uma contração dos músculos, o que é involuntário. Sem lubrificação natural, como costuma ocorrer com a vagina, o lubrificante se torna necessário. Já o anestésico, não”, finaliza Dra. Glene.