BM Como você encara esse negócio de tradição x emergentes ?

VL Cada vez mais eu me convenço de que nós emergentes somos vencedores e eles perdedores. Porque quando uma pessoa está ganhando, ela de nenhuma forma menospreza, separa, hostiliza, a parte que ela pensa que venha para tomar o seu lugar. Eu encontro isso, sim. Eu ontem fiquei sabendo que uma determinada senhora legionária da ABBR ia fazer aniversário e outra tradicional, para não ir na festa, disse: “Eu não gostaria de me misturar com a Vera Loyola”. Eu senti muita pena. Essa senhora é realmente assim de uma família mesmo conhecida, mas quem é ela?, o que ela faz ?, o que ela é ? Então isso não me deixa triste, me deixou envaidecida, porque eu é que não gostaria de me misturar com pessoas que já eram, pessoas que nada trazem de atual, pessoas que discriminam outras. Ela pensa talvez que seja bem educada, mas ela já dizendo uma coisa dessas não se garante e eu não estou do lado dos fracos, estou com os fortes. Depois o Brasil não é um país rico. Hoje você tem que estar fazendo alguma coisa para se favorecer mais. Tem que parar com essa coisa. Não é um país tradicional, é um país maravilhoso, país rico com povo pobre, Terceiro Mundo, temos uma política difícil. Eles ficam vivendo uma vida totalmente fora da realidade. Ficam sonhando com uma coisa que não existe. Existe um grupinho, de meia dúzia que fica fazendo barreira. Mas nós somos a maioria, então fica a minoria lá no canto, que eu também nem quero freqüentar. Eu noto, mas não me perturba. Há seis anos eu dei uma festa aqui em casa e várias drags queens vieram me homenagear. Depois disso uma “tradicional” falou: “Agora mesmo que ela não entra no livro da sociedade”. Esse ano isso aconteceu de novo, falaram : “esse ano nenhuma emergente entra para o livro da sociedade.” Aí que pena!!! Não vão me encontrar, vou ter que entrar nas páginas amarelas. Elas se preocupam em agredir o tempo todo, elas se sentem ameaçadas.