Sexo grupal > Swing

Outro fenômeno sexual relacionado ao assunto é o swing, ou troca de casais. Nos últimos anos, a prática tem crescido muito no Brasil e já conta até com a infra-estrutura de clubes e boates especializadas. Só em São Paulo, dados extra-oficiais apontam para cerca de 200 casas, voltadas especialmente para esse público, em funcionamento. “Algumas ainda de uma maneira um pouco clandestina e amadora. Mas existem casas com nível de primeiro mundo, muito boas mesmo”, comenta a empresária Lia Novaes, sócia de um clube de swing em Belo Horizonte.

E os swingers já são um grupo organizado, até com regras internas. “Por exemplo, não há espaço para envolvimentos sentimentais. Sexo com amor é uma coisa só do casal. Nas festas, o casal deve aceitar um não sem perguntas ou insistências. Ninguém deve ir a um encontro de casais procurando um amante. As abordagens acontecem exatamente como em um bar normal, só que, em vez de procurar pessoas, procuram-se casais. Eles agem em conjunto, não é uma coisa isolada. Até porque o interesse tem que ser mútuo, dos quatro”, explica ela.

Ciúmes

Mas, como é de se imaginar, nem tudo relacionado ao sexo grupal corre num mar de rosas. O que não faltam são tentativas frustradas, como a da gerente de vendas Ana Paula Guimarães. Ela e o namorado resolveram experimentar o ménage e acabaram descobrindo que realizar uma fantasia sexual em conjunto pode ser algo de conseqüências dolorosas. “Foi muito difícil encarar o meu namorado transando com outra mulher e sentindo prazer”, confessa.

Ela reforça a regra que diz que, antes de mergulhar nesse tipo de experiência, é preciso se despir de alguns valores e preconceitos, pouco simples de serem resolvidos. “A gente deveria ter conversado mais sobre o assunto. Chamamos uma profissional justamente para que a outra pessoa não se envolvesse diretamente no nosso relacionamento, mas esquecemos de que o problema poderia estar dentro de nós mesmos”, revela. Apesar de garantir ter sentido prazer na noite em que tudo aconteceu, Ana Paula conta que o assunto acabou virando tabu entre ela e o namorado. “Os dias seguintes foram muito estranhos. Aquilo mexeu demais comigo e com ele também e a gente nunca mais falou sobre o que aconteceu”, lembra.

Psiquê

A sexóloga Rita Carvalho confirma que é mesmo preciso estar atenta às emoções antes de dar asas a fantasias sexuais mais ousadas. “Se foi legal, divertido, sexualmente prazeroso, pode ser hora de vencer algumas inibições e se desvencilhar de determinados valores para ser mais feliz na cama”, diz. Segundo ela, não há nada de errado num ménage a trois (ou a quatre, ou a cinco), muito pelo contrário, desde que ele conte com a aprovação e o consentimento de todos e que não prejudique a saúde física e muito menos psicológica dos envolvidos.

“Nesse tipo de relação, é fundamental o comum acordo. Porque não é realmente nada fácil lidar com o turbilhão de emoções que ela provoca. Além disso, há um agravante cultural que dá um peso moral muito grande a essa prática. Por isso, sobretudo entre casais de relacionamento monogâmico, em que há uma estrutura emocional envolvida, a decisão não deve ser tomada do dia pra noite. O assunto deve ser muito bem conversado e pensado para que nada fique para ser resolvido depois ou, pior ainda, durante”, alerta. Porque, entre quatro paredes, o que vale é a vontade do freguês – aquele que tem sempre a razão.