Blim-blom: ah, o replicar das campas, o som, a sensação celestial, delirante do prazer que ecoa às badaladas! Não, não, o repórter não está louco. Afinal, quem é que nunca associou ele, o afamado clitóris, a um badalo, um sininho? Que, aliás, ironicamente, batizou a doce fadinha que ajuda ao garoto Peter Pan a se encontrar na Terra do Nunca. Nada mais apropriado, porque, cá entre nós, esses meninos – e, façamos a nossa mea culpa, meninas também –precisam mesmo de uma mãozinha (ou o instrumento que melhor convier) para entender o caminho das pedras clitoriano. Claro, tido como o verdadeiro tesouro dourado da Neverland do orgasmo feminino, o que não faltam sobre esse eldorado são lendas e mistérios. Mas nossa boa, caridosa e experiente Sininho vai nos ajudar a entender o funcionamento desse instrumento que pode ser mágico, mas exige delicadeza e sensibilidade. Porque não é à toa que os sinos dobram.
Comparar ao instrumento musical é, de fato, muito fácil. Mas, segundo a própria Sininho, o que a mulherada quer mesmo ver, ou melhor, sentir é a música. E aí, há uma importantíssima particularidade na diferença entre o sino sonoro e este a que estamos nos referido. Enquanto um precisa ser tocado com movimentos repetidos, rudes às vezes e, em certos casos, até com força, o outro mais se assemelha, nesse aspecto, à delicadeza de uma harpa. “Eu tenho verdadeiro horror, o meu tesão e minha disposição acabam no mesmo segundo quando um homem vem fazer sexo oral em mim como se meu clitóris fosse uma bala de tamarindo. Dói muito. O pior é quando o sujeito vira com aquela cara e diz: ‘estou te deixando doidinha, né’?”, lamenta a vendedora Jeanne de Brito. “Fico louca pra responder na mesma moeda”, anseia-se ela.
Sininho aproveita a deixa para lembrar uma lenda que a sexóloga Margareth Labate confirma: o clitóris é, a grosso modo, um pênis atrofiado. Ou seja, a sensibilidade, se não é exatamente a mesma, é muito, muito parecida. “Até as oito semanas de gestação, o feto ainda não passou pela estruturação hormonal que vai lhe determinar o sexo. Então, até aí, o que temos é uma espécie de embrião de órgão sexual, que pode se transformar em pênis ou clitóris a partir do desenvolvimento inaugurado nessa fase”, explica ela. Portanto, pode-se dizer que, o melhor a fazer para conhecer a sensibilidade clitoriana, a forma com que ela responde a estímulos de intensidade de força, pressão ou velocidade, é fazer o mesmo consigo – não importando, homens ou mulheres, respectivamente – com seus pênis e clitóris. Lembrando, claro, que entre nós, humanos, há diferenças orgânicas de tamanho e sensibilidade.
É aí que as semelhanças começam a se encerrar. As condições para que o clitóris exerça a sua função natural (sim, quase exclusivamente dar prazer) não são muito simples e passam, claro, obrigatoriamente pelas divergências de comportamento e objetivo sexual entre homens e mulheres. “Pode-se dizer que existem dois tipos de orgasmo feminino, o clitoriano e o vaginal. O mais comum é justamente o clitoriano porque os parceiros vinculam o clímax à penetração, o que estimula muito mais a região. Essa é a forma mais comum de sexualidade”, comenta Margareth. Isso não significa que seja a mais comum de satisfação. “O envolvimento gerado, as preliminares, são muito importantes para o prazer feminino e a relação dessas carícias com as sensações clitorianas são muito fortes. Basta ver que uma mulher, excitada por essa via, responde melhor a qualquer estímulo de fricção, seja com a língua ou com os dedos”, recomenda a sexóloga.
Já aqueles Peter Pans que se garantem entendidos no assunto, nos contam sobre segredinhos descobertos em bons passeios à Terra do Nunca. “A princípio achava que era algo específico da minha então namorada, mas percebi que as mulheres, de um modo geral, preferem a estimulação com a ponta da língua, em vez dos dedos. Não sei explicar, mas percebo uma diferença muito grande na sensação delas”, secreta o técnico de som Luiz Antônio Canário. Outra boa dica para os rapazes pode estar logo abaixo do umbigo. “Descobri que ficar por ali, brincando, no badalozinho e, ao mesmo tempo, acariciar a região do ventre, logo abaixo do umbigo, aquece e excita demais a mulher. Vale muito a tentativa porque o retorno é alto”, garante o webdesigner Raul Lopes. Se der tudo mesmo certo, que Sininho conserve Peter Pan mesmo um menino. Que não quer crescer (ao menos em parte), só quer brincar.