Mulher Hello Kitty

Lia Camargo tem 28 anos e é uma das blogueiras mais famosas no ramo feminino e juvenil. A paulistana já trabalhou na Capricho, na Gloss e hoje seu blog “ Just Lia” tem parceria com a MTV. São mais de dez anos fazendo sites sobre moda, games, filmes, maquiagem, música, e Hello Kitty, sim, muita Hello Kitty!

Se você entrar no site de Lia, verá que dentre todo o colorido de seu design existe uma pequena Hello Kitty no cantinho esquerdo fazendo charme para as leitoras e, bom, dos três gatinhos que Lia tem, um se chama Kitty (coincidência?)

Mas sua paixão não fica só na web não, além de colecionar Barbies (ela tem mais de 100!), Lia revela seu vício pela gatinha: “Tenho muitas bonecas e coisas da Hello Kitty, de papel higiênico a torradeira”. O motivo? “Trabalho com conteúdo jovem e gosto de estar cercada por coisas bonitas e que estimulem criatividade.”

Mas será que essa atitude faz com que Lia se perca na infantilidade? Ou então, como muitas pessoas costumam dizer, seria um indício da famosa Síndrome de Peter Pan? E a maturidade profissional, como fica nesta história toda? Para responder a estas e outras questões pertinentes, conversamos com a psicóloga comportamental, Jéssica Fogaça.

De acordo com Jéssica, a mania de colecionar surge da necessidade de guardar algo que lhe é caro, de preservar algo importante para si. “O item escolhido para ser colecionado tem um valor sentimental para quem o faz”. E acrescenta: “É uma questão emocional que leva uma pessoa a iniciar uma coleção. Ter aquele determinado objeto para si traz um conforto emocional”.

Sobre a Síndrome de Peter Pan, que aborda a condição das pessoas se recusarem a crescer e aceitar responsabilidades, ela explica: “A síndrome atinge principalmente homens, pois as meninas, naturalmente, amadurecem mais cedo que os meninos. A Síndrome de Peter Pan está relacionada com questões mais complexas do amadurecimento da personalidade, portanto, não há um paralelo claro com o comportamento de colecionar bonecas ou objetos infantis”.

E para quem pensa que colecionar coisas – fofas ou não – está altamente relacionado à imaturidade ou falta de profissionalismo, pode refazer os conceitos. Lia deixa bem claro que responsabilidade é com ela mesma: “Sou extremamente profissional no meu trabalho, pago minhas contas em dia e acho que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Aqui no Brasil a gente tem essa cultura de que tem que abandonar as coisas que gosta quando criança pra crescer… é uma tolice!”.

A especialista também depõe: “É importante deixar claro que colecionar não é só ser apegado a determinado objeto, mas é também uma atividade que traz aprendizado, como é o caso de colecionadores ‘profissionais’, que estudam a origem do objeto colecionado, sua história, obedecem a categorizações etc. Não vejo problemas em uma mulher adulta colecionar bonecas ou materiais infantis, desde que ela tenha consciência de que faz isso por prazer ou como um hobby”.

Ou seja, colecionar é algo totalmente saudável e ainda pode nos trazer, além do prazer, conhecimentos específicos sobre os objetos. A psicóloga só deixa a dica: “Esse comportamento torna-se preocupante quando a coleção toma uma grande parte da vida da mulher; quando ela despende muitos recursos financeiros para adquirir mais um item para a coleção e não paga outras contas ou quando usa a sua coleção para preencher vazios emocionais que poderiam ser tratados em um processo terapêutico. Diante desses sinais, o mais recomendado é procurar a ajuda de um profissional”.

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