Gestor de fortunas conta onde investem clientes com mais de R$ 10 milhões

SÃO PAULO – Ter muitos zeros na conta bancária pode fazer uma grande diferença na hora de investir os seus recursos. Afinal, quem nunca ouviu falar que “dinheiro chama dinheiro”? Esta frase pode ser verdadeira, mas se conseguir acumular uma fortuna de R$ 10 milhões não é para qualquer um, manter e ainda fazer este valor crescer pode ser ainda mais complicado.

E justamente para esses clientes existem gestores especializados em identificar necessidades e propor as aplicações mais adequadas. O sócio da Claritas Wealth Management, Ernesto Leme, ressalta que esses investidores necessitam de um acompanhamento mais próximo. “Nós procuramos entender o que o cliente precisa na parte financeira, na questão sucessória e fiscal. Também analisamos seus ativos imobiliários e eventualmente até  mesmo a governança da empresa dele, ou a governança familiar”, explica.

Leme ressalta que um dos grandes desafios do wealth management é conseguir preservar o patrimônio do cliente, já que a inflação para as classes mais abastadas é maior do que aquela que aparece na medição oficial do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). “Este cliente é um grande consumidor de serviços e esta inflação subiu em média 13% nos últimos anos. Então, mesmo com uma taxa de juros de 9%, este cliente já estava com ganho real negativo”, pontua.

Para atender às necessidades, manter o patrimônio e ainda conseguir uma rentabilidade real, gestores de fortuna como ele procuram produtos mais sofisticados, como fundos de private equity, fundos estruturados e outros investimentos mais arriscados, como a bolsa e o crédito privado. “O cliente está sendo obrigado a tomar mais risco para ter um retorno mais atraente. O brasileiro ainda investe pouco em ações. O investidor americano médio tem 40% do seu patrimônio em ações. Aqui o investidor agressivo tem 25%. Mas isso vai mudar neste cenário de juros baixos que estamos vendo. Private equity, fundos imobiliários e crédito são alternativas para ganhos maiores”, pontua.

Um dos fundos estruturados pela Claritas é o Floresta, que investe em plantações de Eucaliptos. “Montamos um fundo com uma SPE (Sociedade de Propósito Específico), que engloba os engenheiros agrônomos, máquinas, funcionários. Arrendamos a terra, plantamos eucaliptos e cortamos depois de 7 anos, em média. Vendemos para clientes como empresas de papel e celulose. Com este investimento, conseguíamos um retorno de até 14% mais inflação.Quando fazemos a conta, vimos que este era um negócio com um retorno bastante interessante, muito mais elevado do que uma NTN-B de prazo mais longo”, pontua o gestor.

Veja abaixo um levantamento da Claritas Wealth Management com a alocação média dos seus clientes de perfil moderado:

Investidor com perfil moderado
Ativo1 ano atráshoje
*Claritas Wealth Menagment
Renda fixa pós-fixado23%21%
Crédito12%19%
Renda fixa préfixado24%9%
Juros reais (NTN-B)16%12%
Multimercado15%20%
Bolsa10%14%
Fundos estruturados05%

Para investir nesses ativos mais sofisticados, a gestora monta um fundo exclusivo para o cliente, que compra diversas classes de ativos de acordo com o mandato. “Não preciso avisar o cliente que vou comprar determinada ação. Sigo a alocação prevista de acordo com o regulamento daquele fundo. Por exemplo: 20% de ações, 20% em multimercado, e assim por diante”, explica.

Para montar um fundo exclusivo como este é necessário ter disponível para aplicar cerca de R$ 10 milhões. O cliente que tiver menos do que isso, R$ 2 ou R$ 3 milhões também pode ser atendido no Wealth da Claritas. “Montamos um modelo de Wealth Management, com investimento direto, aberto para 20 ou 30 pessoas. Esses clientes têm potencial para terem um fundo exclusivo, mas hoje o seu patrimônio ainda não justifica os custos fixos de um fundo como este. Então, agrupamos vários clientes e investimos seus recursos em um único fundo”, conclui Leme.