Perdi o medo de dirigir por causa do meu filho: histórias reais (e também de amor)

Medo de dirigir é um problema que atinge muito mais mulheres do que homens e está longe de ser uma besteira, como muitos dizem. Esse receio de assumir o volante provoca sintomas físicos, como crises de ansiedade, tremor e coração acelerado. Para vencer essa barreira, é preciso ter muita força de vontade e encontrar bons motivos para dirigir. O que moveu as paulistas Marcela e Camila foi a maternidade.

Mães que perderam o medo de dirigir

Marcela Miller, 30 anos.

“Quando fiz 18 anos, minha mãe me matriculou na autoescola. Fiz mais porque todo mundo fazia do que por vontade própria. As aulas eram tranquilas, mas eu não gostava de dirigir. No dia em que peguei a carta, saí com a minha mãe. Passei em uma rua estreita e vinha um ônibus na outra faixa. Ela deu um grito achando que eu ia bater e meu medo começou ali. Dirigia às vezes, mas morrendo de medo. Ficava nervosa, tremia, chorava. Se eu tivesse que sair de carro, ficava ansiosa um dia antes, nem dormia direito.

Depois de alguns anos, eu engravidei. Quando a Julia nasceu, eu dependia do meu marido ou de outra pessoa para tudo: levar no pediatra, passear e etc. Pegava táxi (o que dá muito trabalho com criança pequena), enfim, me virava. Mas sempre ficava com a pulga atrás da orelha: e se acontece alguma coisa com a Julia o que eu faço? Até esperar alguém chegar, pode não dar tempo. E isso foi me motivando a querer dirigir.

No fim de 2014, ganhei um carro e minhas desculpas acabaram. Depois do Natal precisávamos ir à casa da minha sogra e meu marido me convenceu a ir dirigindo. Fui com medo, mas fui. Então comecei aos poucos. Levava e buscava a Julia na escola (que é perto de casa, antes eu ia a pé) todos os dias e uma vez realmente tive que levá-la correndo ao pronto socorro.

Na primeira vez que dirigi sozinha com minha filha, fiquei apavorada. Fomos buscar meu marido no trabalho em uma avenida supermovimentada em São Paulo às quatro da tarde. Fui o caminho todo tensa, mas deu tudo certo! O que mais me apavorava era o trânsito intenso, carros, motos, caminhões, mas eu consegui. Hoje sou segura ao volante, mas acho que sempre vou ter um medinho. A diferença é que agora consigo controlar o que sinto”.

Camila Cunha, 27 anos.

“Tirei a carta assim que completei  18 anos. Estava superfeliz, na época era uma grande conquista! Passei nos exames e peguei a habilitação, mas eu dirigia pouco e, quando pegava o carro, era sempre com o meu pai. Quando saiu a habilitação definitiva, descobri que estava grávida e fiquei morrendo de medo de acontecer alguma coisa, de bater o carro e machucar a bebê. Esse receio começou logo no início da gravidez e, com o passar dos meses, o medo só aumentava – assim como minha barriga.

Depois do parto, o medo piorou. Como eu iria dirigir e colocar em risco a vida da minha filha? Quando eu licença maternidade acabou, eu precisei voltar a trabalhar e, no caminho, tinha que deixá-la na escola. Como eu iria fazer? Minha preocupação era enorme! Só de imaginar, já tremia de medo. No primeiro mês, meu marido me levou, mas eu não estava feliz, queria e precisava ter independência.   

Foi então que aos poucos fui pegando o carro de final de semana. Eu procurava dirigir quando estava com alguém e um dia decidi que precisava ir sozinha. Confesso que foi muito tenso, eu estava realmente nervosa. Fui devagar, com medo, mas fui.

A primeira vez que dirigir sozinha com a minha filha foi terrível. Fui levá-la à escolinha e ela chorava muito, o que me deixou mais tensa ainda. Meus braços e pernas tremiam demais e o carro morria toda hora. O que importa, é que no fim chegamos bem. Depois desse dia, fui ganhando confiança e nunca mais tive medo de dirigir!”