Anvisa alerta para primeiro caso de “superfungo” resistente no Brasil

Na última segunda-feira (7), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre a chegada de um fungo resistente ao Brasil , a Candida auris.

De acordo com a Anvisa, “trata-se de um fungo emergente que representa uma grave ameaça à saúde global” e a suspeita do primeiro caso no Brasil é em um homem hospitalizado com Covid-19 na Bahia.

Candida auris no Brasil

A Candida auris foi descoberta pela primeira vez em 2009, no Japão, e , desde então, já se alastrou por mais de 30 países.

A maior preocupação dos órgãos mundiais de saúde é o fato de o fungo ser “multirresistente” a medicamentos e fatal em cerca de 39% dos casos. Por isso, ele está sendo chamado de “superfungo”.

“Algumas cepas de C. auris são resistentes a todas as três principais classes de fármacos antifúngicos (polienos, azóis e equinocandinas)”, informou a Anvisa.

Em outubro de 2016, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicaram um alerta epidemiológico em função dos relatos de surtos de Candida auris em serviços de saúde da América Latina.

Segundo a Anvisa, o primeiro surto de Candida auris detectado nas américas foi na Venezuela e ocorreu entre março de 2012 e julho de 2013, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital em Maracaibo. Na época, o surto afetou 18 pacientes, dos quais 13 eram pediátricos.

Até então, não havia relatos ou suspeitas de casos no Brasil, mas na última segunda-feira (7), a Anvisa recebeu uma notificação sobre um suposto paciente infectado pelo fungo na Bahia.

Primeiro caso no Brasil

A primeira pessoa que possivelmente foi infectada, é um homem que está hospitalizado com Covid-19 na Bahia, tornando-se o provável primeiro caso de Candida auris no Brasil.

Em 2019, o médico infectologista Alessandro Comarú Pasqualotto, professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) escreveu um texto científico junto com a médica Teresa Cristina Sukiennik, da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, e com Jacques F. Meis, pesquisador na Holanda que vem se dedicando ao estudo do novo fungo.

Segundo o médico, o fungo pode causar até infecções no sangue: “Similarmente a outras espécies de Candida, o espectro clínico associado a C. auris varia de colonização a doenças invasivas, como infecções da corrente sanguínea”.

Conforme informou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a identificação do fungo requer métodos laboratoriais específicos, já que ele pode ser confundido com outras espécies de leveduras.

Ainda de acordo com a Agência, a Candida auris foi identificada após análise pela técnica de MALDI-TOF pelo Laboratório Central de Saúde Pública Prof. Gonçalo Moniz (Lacen/BA) e pelo Laboratório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP).

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A Anvisa também informou que já estão sendo realizadas análises para acompanhar o caso e prevenir disseminação:

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