A chamada “máscara menstrual”, que consiste em aplicar sangue do período diretamente no rosto, ganhou espaço entre as mulheres mais “naturebas” no Tik Tok, sendo uma promessa natural de rejuvenescimento, hidratação e melhora da pele.
Contudo, apesar da popularidade crescente, especialistas alertam que não existe nenhuma comprovação científica de que essa prática ofereça benefícios estéticos – além disso, traz riscos para a saúde.
Máscara menstrual faz bem para a pele?

Segundo o cirurgião plástico e cosmiatra Dr. Marco Aurélio Guidugli, não. Não há qualquer evidência de que o sangue menstrual tenha propriedades capazes de melhorar textura, firmeza ou luminosidade da pele.
“Qualquer sensação positiva relatada é mais subjetiva do que biológica”, pontua o especialista.
O mito costuma surgir da comparação equivocada entre o sangue menstrual e procedimentos como o PRP (plasma rico em plaquetas).

No entanto, o PRP é produzido em ambiente clínico, de forma estéril, com um processamento específico para concentrar plaquetas e fatores de crescimento.
Já o sangue menstrual é composto não apenas por sangue, mas também por muco vaginal, células endometriais, bactérias da flora vaginal e resíduos metabólicos. Tais elementos não têm função cosmética validada.
Riscos para a saúde

Além da falta de benefícios, os riscos são reais. Isso porque o sangue menstrual pode conter bactérias e fungos que, embora naturais na flora vaginal, não são adequados para a pele do rosto, de acordo com Carla Iaconelli, ginecologista.
“A prática pode causar infecções, como foliculite, impetigo e dermatites. A diferença entre o pH vaginal e o pH da pele também favorece irritações, vermelhidão e descamação”, afirma.
A especialista alerta também para um risco menos discutido, mas relevante: a possibilidade teórica de transmissão de patógenos presentes no sangue, como vírus da hepatite ou HIV, caso exista contato com lesões cutâneas.
Embora a probabilidade seja baixa em mulheres saudáveis, não há como garantir segurança. Afinal, o sangue menstrual não é estéril e não passa por nenhum tipo de controle sanitário.

“Como médica, não recomendo o uso de sangue menstrual como máscara facial. Há muitas alternativas seguras e cientificamente comprovadas para cuidar da pele, incluindo hidratantes, antioxidantes, ácidos suaves e tratamentos dermatológicos personalizados”, conclui Iaconelli.






