Cientistas descobriram como alterar o DNA: técnica pode combater a AIDS e a Dengue

por | dez 29, 2016 | Ciência

Já imaginou poder escolher como seu filho vai ser? Qual a cor dos olhos, o tamanho, o tom da pele? É claro que você gostaria que ele nascesse saudável e sem riscos de doenças herdadas geneticamente, não é mesmo? Agora, acredite, isso está bem próximo de ser real.

Cientistas americanos e chineses descobriram um método capaz de editar o DNA, chamado de Crispr, e com isso, escolher tantos aspectos físicos de um embrião, como curar doenças virais, como a AIDS, a Dengue, o Zika, entre outras.

O método é tão preciso que possui aplicações infinitas. Consegue alterar detalhes no código genético que causam tumores dos mais variados e outros problemas como daltonismo e a síndrome de down.

E mais: a técnica começou em porcos, obteve sucesso em macacos e já foi liberada para teste em humanos. Ela é tão barata e simples, que, segundo a revista científica Nature, biólogos amadores são capazes de fazer em garagens ou laboratórios comunitários.

O DNA pode mesmo ser alterado?

Segundo a técnica, o DNA pode não só ser alterado, como as mudanças podem ser transmitidas para as gerações futuras. Chineses já conseguiram testar em macacos e em embriões humanos e obtiveram sucesso.

Ainda não se sabe quais são os efeitos colaterais por completo, mas as alterações feitas conseguiram ajuda a regular o metabolismo e a melhorar a imunidade dos animais, por exemplo. Agora, os britânicos estão realizando testes em embriões humanos também.

No Brasil, o biólogo brasileiro da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), Jaime Augusto de Souza-Neto, está usando o método para alterar os mosquitos da Aedes Aegypti, e produzir insetos resistentes ao vírus da dengue.

Como funciona?

A descoberta da técnica aconteceu por meio de observação de um vírus atacando uma bactéria. Ele insere parte do seu DNA dentro delas para enfraquecê-las e para resistir, elas salvam parte desse material dentro do seu próprio DNA e com a ajuda de uma proteína, conseguem editá-lo.

Inspirada nesse mecanismo, o Crispr possui enzimas como essas, que conseguem direcionar e cortar o DNA. Por isso que editar é só uma de suas funções, já que é possível excluir material genético também.

Quem inventou?

O primeiro estudo sobre o tema foi de um grupo liderado por Junjiu Huang, da Universidade Sun Yat-sen, em Guangzhou, China. A pesquisa descreveu o uso da tecnologia e foi publicado no periódico científico Protein & Cell.

Mas outros cientistas chegaram a patentear a técnica: Jennifer Doudna, da Universidade de Califórnia (UC), Berkeley, e Emmanuelle Charpentier, do Instituto de Max Planck. Os três pesquisadores co-fundaram empresas que fazem uso do CRISPR-Cas9 (nome científico).

As pesquisas oficiais sobre o método estão sendo realizadas pelas Academia Nacional Americana de Ciências, Academia Nacional Americana de Medicina, Academia Nacional Chinesa de Ciências e pela Sociedade Real Britânica, com financiamento de grandes companhias como a Fundação Gates e a Google.

Fato é que diversas dúvidas ainda não foram respondidas pela ciência, como quais os riscos ou se o tempo de vida do ser que teve o DNA alterado muda, por exemplo. Mas a grande polêmica gira mesmo em torno da pergunta: é ético realizar o procedimento?

Curiosidades sobre o DNA