Micróbio misterioso influencia clima, oceanos e até a evolução da humanidade

Prochlorococcus: eis o nome da cianobactéria (espécie de procariontes – que só possui uma célula) que obtém energia do sol – e realiza fotossíntese, mas não é uma planta – e ainda é considerada um mistério para a ciência.

Ela é a menor e mais abundante célula que realiza esse processo no oceano, por isso, é considerada uma dos fatores mais influenciadores da vida.

A cianobactéria vive a cerca de 200 metros de profundidade, onde a luz é mínima, e esse é um dos seus aspectos incríveis – além do fato possuir cerca de 80 mil genes, quatro vezes mais que o ser humano. Estima-se que ela seja responsável por 5% da fotossíntese global, com interferências quase que diretas no clima e na evolução do ser humano.

“É uma máquina linda da vida e um super organismo”, diz Penny Chisholm, pesquisadora do micróbio há cerca de 35 anos, e vencedora da Medalha Nacional de Ciência dos Estados Unidos, em entrevista à revista científica Science.

Importância da bactéria

Segundo a pesquisadora e seus colegas de trabalho, a Prochlorococcus é uma das atrizes principais nas mudanças de clima, e tem um papel central na evolução da humanidade. Eles acreditam que ela seja não só uma das maiores responsáveis pelo oxigênio que respiramos, mas que também tenha sido o combustível para a explosão da vida primitiva nos oceanos.

Isso porque é sabido que o ar é purificado durante a fotossíntese. A cianobactéria retira o gás carbônico liberado pela nossa respiração, na queima de combustíveis e em outros processos, e libera oxigênio na atmosfera. Logo, ela também ajuda na contenção do efeito estufa, que em excesso, causa o aquecimento global.

“É devido ao seu papel no ciclo do carbono, que esse micróbio regula significativamente os níveis de dióxido de carbono (CO2)”, explica Penny. Entretanto, ela ainda não pode ser considerada a solução para os problemas climáticos. Se ela se reproduzir em excesso, podem ocasionar consequências ruins, que ainda estão sendo estudadas pela ciência.

Por que ela ainda é misteriosa?

Nos anos 80, a maioria dos organismos livres do oceano, como os plânctons, eram praticamente invisíveis, porque eram muito pequenos para serem detectados em um microscópio da época. Foi só em 1988, que Penny (foto acima) e seu primeiro aluno de pós-doutorado publicaram a descoberta da cianobactéria.

Entretanto, ninguém conseguia mantê-la viva em laboratório para estudá-la melhor.

Hoje, porém, já possível cultivá-la em laboratório, entretanto, ainda é preciso fazer observações em alta resolução para descobrir mais. O que se sabe até agora é que existem cinco tipos de Prochlorococcus , cada um adaptado a um tipo de temperatura e luz diferentes, por exemplo.

Umas são verdes, outras amareladas, porque absorvem a luz de um jeito particular (elas possuem uma “ilha genômica”, um padrão de genes que confere mudanças específicas a um determinado ambiente). Ou seja, elas conseguem se adaptar em diversas situações.

Essa abundância faz com que o micróbio tenha uma influência grande também nas teias alimentares oceânicas e no clima marinho. Sem contar que é ela que faz a matéria orgânica que outros microorganismos comem.

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