Em 2006, o mundo todo ficou chocado quando o astrônomo Mike Brown, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), dos EUA, descobriu que Plutão não é um planeta, e sim um planetoide – ou planeta-anão, como ficou popularmente conhecido.
A descoberta de Brown rendeu muitas e muitas críticas. Nem a filha do cientista apoiou o pai.
Apesar de garantir que não se arrepende de sua descoberta, “se não fosse eu, outra pessoa iria fazer, e isso precisava acontecer”, disse ele em entrevista para o site de notícias da emissora de TV árabe Al Jazeera, Brown deu um jeito muito curioso de se redimir com o mundo, e com a filha: ele descobriu outro planeta para colocar no lugar, ou seja, substituir plutão.
Por que Plutão deixou de ser planeta?
Para ser um planeta é necessário possuir três aspectos: orbitar o Sol, ser esférico ou próximo disso e ser dominante em sua órbita.

Descoberto em 1930 pelo astrônomo Clyde Tombaugh, Plutão só preenche os dois primeiros requisitos. Naquela época, poém, acreditava-se que ele era maior que Júpiter. Foi só depois de muito tempo que perceberam que, na realidade, ele é menor que a lua.
Mas não foi só por isso que Plutão foi incluído na categoria dos planetas-anões, os planetoides. Acontece que, com o aperfeiçoamento de técnicas para a descoberta de objetos de pouco brilho, Mike Brown descobriu Éris, um planeta com as mesmas dimensões de Plutão, em outubro de 2003.
A revelação deixou a União Astronômica Internacional (IAU) em uma saia justa. Ou eles afirmavam Éris como o décimo planeta do nosso Sistema Solar, ou teriam que mudar a definição de planeta, já que eles possuíam algumas características diferentes.

Brown não queria “matar” Plutão e chegou a sugerir que ele fosse reconhecido como um planeta histórico. Mas era impossível negar que ele não se encaixava no padrão dos outros oito planetas do sistema.
A IAU resolveu, então, que Plutão não seria mais o nono planeta. Tanto plutão quanto Éris ficam na região do Cinturão de Kuiper, onde existe diversos outros astros.
Os astrônomos descobriram que havia algo que puxava esses planetoides, porque a trajetória deles era elíptica, e iam para longe do cinturão. Foi quando em janeiro de 2016, eles propuseram que a causa disso poderia ser a existência de outro planeta.
Nono planeta

Dez anos depois, em parceria com o astrônomo Konstantin Batygin, Brown está prestes a cumprir a promessa que fez à filha: arrumar outro planeta para colocar no lugar de Plutão. Os cientistas publicaram um estudo atestando evidências da existência de um novo planeta gigante, cerca de 10 vezes maior que a Terra.
I'm going home now. If anyone finds Planet Nine while I'm asleep DM me, OK?
— Mike Brown does not X (@plutokiller) January 21, 2016
“Eu estou indo para casa agora. Se alguém encontrar o Nono Planeta enquanto eu estiver dormindo, não me acordem, ok?”, disse o astrônomo, em tom de brincadeira.
Brincadeiras à parte, os indícios da sua existência são fortes, mas ainda não se sabe uma possível localização. Segundo Brown, a divulgação da pesquisa tem o objetivo de estimular outros a também procurarem pelo planeta.