O Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia frisou que mulheres têm, muitas vezes, sua dor menosprezada na colocação do DIU – e que elas devem ser apresentadas a opções de analgesia
A colocação do DIU (dispositivo intrauterino) e outros procedimentos realizados frequentemente em consultórios ginecológicos podem ser dolorosos e até amedrontadores para pacientes. Essa dor, no entanto, é frequentemente minimizada – algo reconhecido recentemente pelo Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia, que criou um guia para pedir que médicos deem a devida atenção ao tema.
Colocação do DIU: órgão pede que médicos levem dor a sério

Em um comunicado, o Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia pediu a atenção de ginecologistas sobre a dor gerada por procedimentos feitos em consultório. Segundo especialistas envolvidos nas novas diretrizes sobre o assunto, a dor de mulheres é frequentemente menosprezada, algo que pode levar a recusa em realizar certos exames e medo de buscar um contraceptivo como o DIU, que é bastante efetivo.
Segundo Genevieve Hofman, enfermeira especializada na saúde da mulher que participou da criação das diretrizes, “muitas pacientes sentem que suas dores foram diminuídas ou menosprezadas pelos médicos, algo que, segundo dados, pode levá-las a insatisfação e falta de confiança”.
Isso, inclusive, vai de encontro a outros dados sobre como é o atendimento a mulheres em serviços de saúde. Um estudo publicado em 2024, por exemplo, demonstrou que a dor de mulheres é menos medicada, e que os relatos delas são menos registradas por médicos e enfermeiras.

Dor na colocação do DIU: médicos devem apresentar opções
Segundo os responsáveis por elaborar as novas diretrizes – que não se aplicam ao Brasil, mas são úteis para conhecimento de pacientes –, médicos devem apresentar opções de manejo de dor às mulheres. Isso engloba tanto procedimentos como a colocação do DIU quanto outros exames, como biópsia do endométrio, histeroscopia e mais.
Isso, de acordo com eles, pode ser um desafio por vários motivos. Fatores como idade, experiências passadas, ansiedade relacionada a dor e traumas podem fazer com que a percepção e a resistência à dor variem. Ainda assim, é importante frisar que há opções – e que os especialistas são os responsáveis por oferecê-las.

No caso da inserção do DIU, há, por exemplo, as seguintes opções:
- Spray anestésico local (lidocaína);
- Creme anestésico local (lidocaína e prilocaína);
- Bloqueio paracervical (injeção de anestésico no colo do útero);
- Medicamentos de administração via oral ou tópica.
Para a médica Kimberly Hoover, também coautora das novas diretrizes, o essencial é deixar a escolha na mão da paciente. “Tenho alguns pacientes para quem o bloqueio paracervical, por exemplo, ajuda muito na experiência de colocação do DIU. Tenho outros que preferem evitar agulhas e podem preferir outra abordagem. Apresentar todas as opções e usar a decisão conjunta é a melhor prática”, pontua.