
Pense em um lugar do sonhos, que você gostaria que existisse. Imagine como ele é, qual é a sua aparência, do que ele é feito. Agora, tente imaginar as cores desse ambiente. O que você vê?
Se esta tarefa é díficil pra você, pode ser que você sofra de “afantasia”, uma condição proposta por cientistas do Reino Unido em um estudo sobre a dificuldade de formar imagens. Cerca de 2% da população mundial tem esse problema.
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Entenda
Tudo começou em 2010, quando os estudiosos ficaram sabendo sobre o caso de um paciente de 65 anos que, depois de se submeter a uma angioplastia coronária (cirurgia para abrir uma artéria entupida do coração), perdeu a capacidade de formar imagens em sua mente.
O artigo, publicado na revista Discovery, teve o efeito que os pesquisadores não esperavam: 21 pessoas contataram a equipe porque se identificaram com o mesmo problema. A diferença é que todos eles já tinha essa condição desde seu nascimento.
Imediatamente, os cientistas viram a oportunidade de um novo estudo e enviaram um questionário para determinar o quão intensa eram as imagens que essas pessoas conseguiam formar na cabeça (se é que formavam alguma).
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Depois de comparar os resultados com um grupo de 111 estudantes e profissionais, não houve dúvidas: as 21 pessoas que entraram em contato tinham dificuldades claras de criar imagens em suas mentes.
Em busca de um nome para essa situação, os pesquisadores chamaram a condição de “afantasia”, em oposição ao termo grego ‘fantasia’, que Aristóteles definiu como a capacidade ou intensidade com que se formam um fantasma, que significa imagem ou representação mental.
Nos sonhos
Um dado interessante é que essa cegueira mental parece afetar a visualização voluntária. Mesmo entre os pacientes que tiveram problemas para criar as imagens mentais propostas no questionário, quase todos afirmam ver imagens nos sonhos (o que os estudiosos chamam de imagens involuntárias).
Apesar desta dissociação entre a visualização mental de imagens voluntárias e involuntárias, a “afantasia” afetou os participantes em outros aspectos: 14 dos 21 disseram ter dificuldades com sua memória autobiográfica. Por outro lado, compensam essa dificuldade com aspectos verbais, matemáticos e lógicos.
De qualquer forma, a “afantasia” não parece ter grandes efeitos negativos. A grande maioria dos participantes do estudo diz ter notado que algo não estava certo desde a adolescência, quando se lembraram das coisas de um jeito diferente dos outros.
Apesar dos resultados interessantes dessa pesquisa, os autores insistem que um estudo maior deveria ser realizado para contemplar outros aspectos, como a possível causa neurológica dessa condição e o potencial vínculo com transtornos como a prosopagnosia (incapacidade de reconhecer rostos).
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