No mundo inteiro, a água que chega da torneira para o consumo humano tem em sua composição fibras microscópicas de plástico. A média global da presença de plástico na água potável é de 83% das amostras, sendo que no Brasil o índice é de 90%.
O levantamento inédito da organização Orb Media coletou 159 amostras de água potável em cinco continentes, e em todos locais a presença de plástico se mostrou elevada: nos Estados Unidos, por exemplo, foi de 94% e na Europa, o mais baixo, registrou-se 72%.
Plástico na água brasileira
No Brasil, a coleta foi realizada pela equipe do jornal Folha de S.Paulo e analisada na Universidade de Minnesota, nos EUA. O material contava com dez amostras de água, todas coletadas na região metropolitana de São Paulo – lugares como Aeroporto de Cumbica (em Guarulhos), Universidade de São Paulo, Museu de Arte de São Paulo e Parque do Ibirapuera.
Das dez garrafas coletadas (todas com 500 ml de água extraída das torneiras), nove apresentaram fibras plásticas. Na média, foram encontradas 2,9 fibras por litro de água em São Paulo. No mundo, a média global é de 4,3 fibras por litro.
Como plástico chega à água?
Anualmente, são produzidas 270 milhões de toneladas de plástico no mundo todo e estima-se que 40% disso seja descartado após o primeiro uso. O impacto no ambiente, contudo, resiste por séculos e atinge rios e oceanos.
Não se sabe exatamente qual o principal fator que leva as microfibras de plástico à água das torneiras, mas alguns materiais são listados pelo trabalho como nocivos.
É o caso das tintas (suspeita-se que seja responsável por 10% desse tipo de poluição), das sacolas plásticas, dos canudinhos de bebidas, de pneus de carros e alguns tipos de materiais de limpeza.
O que se sabe ao certo é que roupas de tecido sintético são, de fato, uma das causas. De acordo com o trabalho, elas soltam até 700 mil fibras por lavagem. Somente nos EUA, são despejadas 29 toneladas delas por dia nas vias fluviais públicas do país.
Como isso impacta sua saúde
Esse tipo de estudo é inédito e as consequências da ação das microfibras no corpo humano ainda são desconhecidas.
Os especialistas envolvidos no trabalho se dividem entre os que afirmam que a resposta à ingestão de fibras de plástico seja um problema e os que preferem aguardar pesquisas específicas antes de tratar a questão como um “problema real”.
No Brasil e na maioria dos países, não há qualquer tipo de determinação em relação ao limite de fibras de plástico na água. Como não há controle nos sistemas de tratamento de água, é aconselhável uso de filtros domésticos.
“Isso deve servir de alerta”, disse Muhammad Yunus, Prêmio Nobel da Paz de 2006, em comunicado. “Sabíamos que esse plástico voltava para nós por meio da cadeia alimentar. Agora vemos que está voltando para nós na nossa água de beber.”
Plástico na água
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