Tabela periódica pode ganhar nova linha: será o elemento mais pesado do universo

por | jan 10, 2018 | Ciência

Decorar a tabela periódica nunca foi fácil, e agora pode ficar ainda um pouco pior. O pesadelo de tanta gente no Ensino Médio ordena os elementos químicos tem 7 linhas horizontais desde que foi criado pelo cientista russo Dmitri Mendeleev, em 1869. Mas pode ganhar mais uma linha em poucos anos.

Hoje, são conhecidos 118 elementos químicos. O mais leve é o hidrogênio, cujo núcleo atômico tem 1 próton; e o mais pesado é oganessono, criado artificialmente e que apresenta 118 prótons em seu núcleo. A ideia é produzir em laboratório um elemento ainda mais pesado: seu nome será ununennio (que em latim significa um, um, nove).

O que será o ununennio, o elemento 119?

Mesmo que quem não era exatamente um expert em química deve lembrar que a primeira coluna da tabela apresenta hidrogênio, lítio, sódio, potássio, rubídio, césio e frâncio, respectivamente.O ununennio entraria exatamente nesta fileira e inauguraria a oitava linha.

A estratégia, em tese, é simples. Os elementos cúrio e vanádio teoricamente têm condições de reagirem um com o outro e eles mantêm, respectivamente, núcleo atômico de 96 e de 23 prótons. A ideia é disparar feixes de vanádio sobre um anteparo de cúrio, ao se chocarem, durante uma fração de segundos, nasceria o ununennio.

Único no universo

Isso só será possível se a equipe do cientista japonês Hideto Enyo tiver sucesso em sua missão. Enyo libera o laboratório Nishina no complexo científico de Riken, um dos mais modernos aceleradores de partícula do mundo e tem como missão a criação do elemento mais pesado do universo.

E não é nenhum exagero: se tornado real, o ununennio será inédito na história do universo que conhecemos. A teoria mais aceita sobre a formação dos elementos químicos afirma que de forma espontânea, o processo de formação de núcleo atômico não pode suportar mais do que 110 prótons. O que vem acima disso, é artificial.

Na Terra, por exemplo, o elemento mais pesado já encontrado na natureza é o plutônio, de 94 prótons. Mas em laboratórios já foram sintetizados elementos até 118, caso do oganessono. Estas substâncias são fabricadas da mesma forma: duram milésimos de segundo e são extremamente radioativos.

Como os elementos químicos são feitos?

Este é um dos maiores mistérios do universo, mas a ciência tem boas hipóteses. Quando aconteceu o Big Bang, há 13,7 bilhões de anos, toda a matéria do universo conhecido explodiu pelo vácuo. Automaticamente, os elementos mais leves, caso do hidrogênio (1 próton) e do hélio (2 prótons), já se formaram e deram forma ao espaço sideral – o hidrogênio corresponde a 75% de tudo que existe.

O resto foi se formando em combinações atômicas. Pelo menos até o ferro (26 prótons), que é o elemento básico da formação da Terra, por exemplo. Já os mais pesados precisaram de um “turbo” cósmico para nascerem. Acredita-se apenas uma fusão de estrelas de nêutron seria capaz de gerar energia suficiente para formar elementos pesados como o ouro ou o chumbo – a tese foi reforçada com a descoberta de ondas gravitacionais em 2017.

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