O canoísta Isaquias Queiroz já estreou no meio olímpico acumulando três medalhas e carrega recordes em sua história, mas teve de superar inúmeros obstáculos para realizar os sonhos
Empatado no segundo lugar do pódio dos atletas brasileiros com mais medalhas olímpicas, Isaquias Queiroz, astro da canoagem, tem uma história marcada por obstáculos. Na infância, ele sofreu dois grandes acidentes – e, mesmo sem um dos rins e com origem humilde, se tornou o maior representate do Brasil na modalidade.
História de Isaquias Queiroz
Isaquias Queiroz nasceu em 3 de janeiro de 1994 em Ubaitaba, na Bahia. O nome da cidade, de origem tupi-guarani, significa “cidade das canoas”. Isso é algo curioso quando se leva em consideração o futuro que o atleta construiu apesar das adversidades superadas desde cedo. De origem humilde, ele foi criado só pela mãe após a morte do pai, e tinha oito irmãos.

Acidentes e problemas de saúde de Isaquias Queiroz
Com apenas três anos, Isaquias viveu seu primeiro acidente. Ele foi atingido por água fervente e teve de passar um mês no hospital devido às queimaduras. Lá, no entanto, ele não se recuperou totalmente, e a mãe, Dona Dilma, foi a responsável por cuidar dele até sua plena recuperação em casa.
Mais adiante, aos 10 anos, Isaquias caiu de uma árvore e bateu as costas em uma pedra. Com isso, ele teve uma lesão no rim e precisou retirar o órgão. Plenamente recuperado, ele passou a se dedicar ao esporte e sonhava em ser jogador de futebol, mas foi a canoagem que roubou seu coração.
Isaquias Queiroz brilhou em sua primeira Olimpíada
Ao longo dos anos, o atleta treinou sob a sombra de um objetivo: se tornar um dos maiores atletas olímpicos do Brasil. Após se destacar em competições juvenis, ele se tornou o primeiro atleta brasileiro a conquistar uma medalha no Mundial de Canoagem de Velocidade. Após o bronze e no mesmo campeonato, ele ainda conquistou o ouro em outra prova.

Isaquias teve ainda belas atuações em Pan-Americanos e Mundiais, fazendo sua estreia olímpica em 2016, nos Jogos do Rio de Janeiro. Na ocasião, o canoísta conquistou duas pratas e um bronze, se consagrando como o primeiro brasileiro com três medalhas em uma única edição das Olimpíadas.
Primeiro ouro, “pausa” na carreira e novo recorde
Já nas Olimpíadas de Tóquio, disputada em 2021, o atleta baiano faturou seu primeiro ouro olímpico – algo que se seguiu, em 2023, por um estado de exaustão. Ele passou a participar de menos competições para trabalhar melhor a saúde física e mental, e chegou a definir o momento como um período bastante difícil.
“Não foi um ano fácil para mim e para minha esposa. 2023 foi um ano diferente e especial, quando eu percebi o que não é ser campeão mundial e superatleta, mas sim um ser humano com problemas físicos e psicológicos. Tive que me remontar, correr muito para ficar em forma. Não é fácil ficar fora de pódios”, disse ele após voltar a faturar prata nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024.

Apesar de ter faturado menos medalhas que em sua primeira edição de uma Olimpíada, Isaquias se mostrou orgulhoso e não deixou de citar a família. Pai de dois filhos, ele afirmou: “No finalzinho da prova eu lembrei que meu filho pediu a medalha de ouro. A de ouro não deu, mas fico feliz de poder subir ao pódio e agora vou entregar essa medalha para ele”, declarou o canoísta, que cumpriu o prometido e surgiu em lindos cliques com o pequeno.
Com a prata em Paris, Isaquias acumula cinco medalhas olímpicas, algo que o iguala aos atletas Robert Scheidt e Torben Grael. Juntos, os três ocupam o segundo lugar na lista de atletas brasileiros com mais medalhas olímpicas, atrás apenas de Rebeca Andrade, que conquistou a 6ª da carreira também em 2024.
E o sonho, segundo ele, continua. Segundo o canoísta, a ideia é se superar cada vez mais. “Meu sonho é ser o maior atleta olímpico do Brasil”, declarou ele.
