A ética médica/profissional é cada dia mais rara. Depois eu que sou a insuportável por só indicar meia dúzia de profissionais pq são os que eu sei que trabalham de forma honesta e científica.
PS: Eu que tampei o nome da paciente pq nem isso a gata fez. pic.twitter.com/cxK7YWbTWx
— isa (@isachavesnutri) February 8, 2022
Após fazer posts nos quais reclama das condições de saúde e posteriormente da morte de uma paciente por isso ter “atrapalhado seu sono”, uma estudante de medicina de Alagoas foi afastada do curso e do estágio. Os posts, que vieram à tona recentemente, geraram muita revolta nas redes sociais – e, prontamente, as instituições ligadas à estudante se manifestaram, repudiando a conduta dela e acionando medidas punitivas.
Estudante de medicina é suspensa após reclamar de paciente
Recentemente, posts de uma estudante de medicina de Maceió (Alagoas) geraram revolta na web. No Instagram, a jovem reclamou sobre uma paciente que chegou infartando à unidade de saúde onde ela estagiava – e, apesar de ela ter usado o recurso “Melhores Amigos” da rede para restringir quem podia visualizar os “Stories”, suas falas indelicadas vazaram e, logo, viralizaram.
“Faltando 10 min para minha hora de dormir, chega uma mulher infartando e com edema agudo de pulmão. Agora já passou 1h30 da minha hora de dormir, tô p***”, disse ela, que expôs inclusive o nome da paciente na tela do próprio computador e, pouco depois, comunicou a morte dela de forma indelicada. “A mulher morreu e eu não dormi”, disse ela na ocasião;
Especialmente no Twitter, a conduta da estudante foi bastante criticada, e usuários da rede social apontaram inclusive que, apesar de suas falas indelicadas, ela tem os dizeres “medicina por opção” na descrição de seu perfil no Instagram.
serio eu nao consigo acreditar como uma pessoa tao sem empatia é capaz de escolher fazer medicina
— nalmeida (@slipnathalia) February 8, 2022
faz medicina por amor, mas não tem um pingo de empatia pelos pacientes, que tipo de amor é esse?
— will (@castanhawill) February 8, 2022
https://twitter.com/karinaolvrx/status/1491799647219638283
A estudante de Medicina q “perdeu a noite” p/ a paciente morrer não é um caso isolado (estão aí os anti-vacina p/ provar). Precisamos ressignificar a relação paciente-médico. O paciente é o centro. Ponto!E temos que ter, desculpem a obviedade,empatia,além da competência técnica!
— evaldostanislau (@StanislauEvaldo) February 10, 2022
Logo, porém, tanto a Unidade Mista Dr. José Carlos de Gusmão, onde o caso ocorreu, quanto o Centro de Estudos Superiores de Maceió (Cesmac), onde a jovem estuda, tomaram conhecimento sobre o fato e divulgaram providências. Em nota, o centro universitário comunicou o afastamento da jovem, que está, agora, suspensa das atividades da instituição.
Além de frisar o repúdio à atitude que fica clara nos prints, a instituição também reforçou que, após a análise, a suspensão pode não ser a única punição aplicada à estudante. Ao “ ALTV”, telejornal da emissora afiliada da Rede Globo em Alagoas, o coordenador o curso de medicina do Cesmac, André Falcão, chegou a citar a possibilidade de expulsão.
https://www.instagram.com/p/CZxsHw8rTML/
“O colegiado do curso se reunirá, avaliará o caso e as punições previstas dentro da prerrogativa do colegiado, desde suspensão, advertência, registro no histórico dela ou até a expulsão do curso. Existem várias possibilidades de punição. Nós não permitimos, não concordamos com esse perfil de profissional, não é o perfil de profissional que a gente tem formado”, afirmou ele, citando também os princípios éticos da profissão.
“O curso de medicina onde ela estuda tem a ética como sua vertente principal, e existe o código de ética do estudante de medicina. Isso é respeitado plenamente em todas as fases do curso, não só no internato. A empatia também é outra coisa fundamental em várias profissões, mas nas profissões de saúde é uma condição”, pontuou Falcão.
Na nota, o Cesmac informou ainda que a própria Secretaria de Saúde de Marechal Deodoro está ciente do caso – e que, por medidas de prevenção, a estudante foi afastada também do estágio, no qual trabalhava em regime de internato.