Gastos sob controle

Mulher rainha do lar, hoje, tem outra conotação. Já deixou de ser apenas a dona de casa e passou a ser a trabalhadora, mãe e esposa, que além das suas atribuições normais é responsável pelo dinheiro da casa. Segundo pesquisas, 50% das mulheres cuidam dos investimentos e contas da família. E é conta que não acaba mais. Colégio do filho, luz , gás, telefone, água, comida, roupa, lazer, cursinhos, etc. Como administrar isso tudo?

Não é uma tarefa das mais fáceis. Mas como somos mais sensatas, os nossos companheiros já passaram a bola. E estamos dando um show. 76,1% dos homens confiam na capacidade feminina de controlar o orçamento familiar. Na nossa sociedade culturalmente machista, o homem ainda é visto como o provedor, mas a invasão feminina no mercado de trabalho está mudando essa realidade. Segundo Ronaldo Magalhães, diretor da Sul América Investimentos, “os sonhos das mulheres estão mais ligados à qualidade de vida da família, ao seu bem estar e os dos homens são ligados ao status.”

Anuska Moreira, 31 anos, é quem cuida do orçamento familiar. Não gosta de fazer esse controle, “mas é uma questão de necessidade. Meu marido é caótico com tudo”. Já Bárbara Feitosa, 34 anos, até gosta, mas também teve que assumir a tarefa, “meu marido é muito esquecido, arquiva contas que não foram pagas, não toma conta de nada.” Alessandra Monteiro, 28 anos, sempre foi muito controlada, desde o tempo em que recebia mesada. Hoje precisa lidar com o dinheiro da casa, “meu marido é totalmente compulsivo, é a mulher da casa, super vaidoso. Gasta muito com supérfluos. Acho que por ser publicitário gosta de coisas de marca, porque ditam o estilo. Eu preciso estar sempre colocando o pé no freio. Quando vamos ao supermercado ele adora comprar um monte de besteiras e nunca compara preços.”

“Quando sobra dinheiro no final do mês, é o das mulheres que vai para aplicação”, garante Ronaldo Magalhães. “Quem guarda dinheiro sou eu. Geralmente aplico em fundos fixos. Meu marido elogia muito, acha que gasto pouco e sei economizar”, garante Bárbara. Anuska também faz as aplicações e caso precisem negociar com o gerente, é ela quem vai, “ele não tem a mínima idéia do nome da gerente da nossa conta.”

Há dois anos as mulheres faziam aplicações passivas, ou seja , com influência dos pais e maridos. Hoje, têm um peso respeitável em investimentos. Devido ao aumento das mulheres no mercado de trabalho, ganhando independência financeira, elas cada vez mais buscam formas de aplicar o dinheiro que ganham. A Internet está ajudando muito, pois as mulheres encontram informações de maneira fácil e objetiva e serve cada vez mais para auxiliar na comparação de preços de produtos e serviços. E são mais exigentes do que os homens. Não têm vergonha de dizer que não estão entendendo. São menos enroláveis.

“A mulher não é nada ousada. É nitidamente conservadora, mas não gosta de ser chamada assim. Elas investem nos fundos tradicionais, pois não têm muito risco e rendem mais do que a poupança. Ainda existem as que investem em poupança por falta de informação, por ser tradicional e segura. Os sites de investimentos estão buscando uma linguagem para leigos. O que conseguir arrumar essa fórmula mágica primeiro, vai se dar muito bem. O mercado feminino de investimentos está explodindo para atender a uma demanda represada culturalmente durante anos e que agora conquistou sua liberdade sexual, seu reconhecimento profissional e sentem-se livres. Por isso também querem ter a liberdade para fazer do dinheiro o que quiserem, e querem fazer isso sozinhas. Querem poder tomar essa decisão. É um fenômeno o crescimento de mulheres investindo. Triplicou do ano passado para cá.”, conclui Ronaldo Magalhães.

Por tudo isso, se vê que a péssima fama de gastadoras já não é compatível com a realidade. Na hora de ajeitar as contas e poupar os homens, cada vez mais, cedem a vez e passam, de bom grado, a carteira de dinheiro para as mulheres práticas controlarem.