Manobra absurda de Simone Biles intriga físicos: como ela é capaz de fazer isso?

por | ago 15, 2016 | Notícias

Americana, de apenas 19 anos, 47 kg e 1,45m de altura, a ginasta Simone Biles está deixando todo mundo de boca aberta. Ela é a primeira da história a vencer três campeonatos mundiais consecutivos (2013, 2014, 2015) e já conseguiu dois ouros nas Olimpíadas 2016.

Ela é considerada uma desafiadora das leis da física e famosa pelo seu duplo mortal esticado para trás com um meio giro no final. Essa manobra, que já foi até batizada com seu nome, é três vezes mais difícil que o mortal duplo grupado, feito pela ginasta brasileira Daiane dos Santos, por exemplo. Veja a seguir:

A dificuldade do movimento é por causa da inércia rotacional: quando um corpo está girando, ele gira em torno de um eixo. E quando mais distante a massa do corpo estiver desse eixo, mas ele vai resistir ao giro.

Ou seja, o duplo mortal grupado (aquele com as pernas flexionadas, em que a atleta encolhe o corpo na hora do salto), é mais fácil, porque a massa do corpo fica mais próxima do eixo. No esticado, a massa fica mais distante, portanto, tem mais resistência e se torna mais difícil de executar.

“Ela se beneficia por vantagens corporais, por ser pequena e pelas qualidades físicas. Imagine duas rodas (uma menor que a outra) que percorrem a mesma distância. A roda menor tem que girar mais vezes. Isso tudo aliado à velocidade, orientação espacial e coordenação. São atributos treináveis, mas que a genética favorece”, explica a especialista em ginástica artística Myrian Nunomura, da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com Myrian, os mortais estendidos exigem mais tempo no ar do que os outros. Eles sofrem mais resistência do ar, o que faz com que a ginasta precise gerar mais força para realizá-los. E a maior dificuldade está na mudança da direção do movimento, porque é mais díficil ter o domínio completo da aterrissagem, porque não se enxerga a superfície antes.

Mas não é só o físico que ajuda a ginasta. “Ela consegue gerar mais força explosiva por suas qualidades físicas e motoras, aliadas a muito treino. Por isso consegue ir além de muitos ginastas. Pela idade jovem, ela é realmente um fenômeno. É até difícil para os homens superá-la no solo. A equipe de treinadores e condições de treino também fazem diferença. É preciso ter muita capacidade de concentração, persistência para repetir os movimentos até a perfeição, muito motivação, porque a ginástica artística é uma modalidade pesada, precisa ter prazer pelo que faz”, completa Myrian.

História de Simone Biles

A atleta americana de ginástica artística tem uma história comovente. Com mãe usuária de drogas e álcool, Simone Biles foi resgatada pelo serviço social dos Estados Unidos aos três anos e mais tarde foi adotada pelos avós, Ronald e Nellie Biles, que até foram acusados de não serem os pais dela em tuíte de um comentarista da NBC que revoltou o mundo.

Seu primeiro contato com o esporte foi quando fez uma excursão com a escola para um centro de ginástica artística, onde os instrutores ficaram impressionados com os movimentos que ela conseguiu fazer tão nova. Mas só foi  realmente descoberta dois anos depois por Aimee Borman, sua técnica até hoje.

Simone fez o ensino médio em casa, o que permitiu que ela tivesse uma carga maior de treinos, cerca de 32 horas por semana, desde 2012. Seu primeiro título mundial veio em 2013. Hoje, ela é a ginasta americana com mais medalhas.

“Abri mão de algumas coisas, é verdade. Mas queria saber até onde eu podia chegar no esporte. Não queria estar na faculdade, olhar para trás e não saber como teria sido”,  disse ela em entrevista coletiva para jornalistas após ganhar a segunda medalha de ouro nas Olimpíadas 2016, segundo o site esportivo ESPN.

A ginasta anda sendo muito comparada a outra atleta: Nadia Comaneci, a romena que ganhou o primeiro dez da história das Olimpíadas, em Montreal, em 1976, e marcou a história.

Vídeos de Simone Biles

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