Por que o bitcoin valorizou tanto? Em um ano, passou de US$ 1 mil para quase US$ 13 mil

Este foi o ano do bitcoin para os investidores. A moeda digital que foi criada em 2008, começou 2017 custando aproximadamente US$ 1 mil e agora, na primeira semana de dezembro, está perto de atingir seu valor recorde de US$ 13 mil. Ou seja, se você tivesse colocado meros R$ 100 nisso no começo do ano, agora teria um décimo-terceiro de R$ 1.300.

E nem precisava investir lá em janeiro. Ao fim de setembro, o valor do bitcoin marcava US$ 4.100. De lá para cá, o valor triplicou. No entanto, há quem acredite que se trate de uma bolha especulativa. Entenda porque a moeda digital cresceu tanto:

Valorização do bitcoin: 2 fatores principais 

O preço do bitcoin é determinado pela demanda do mercado: quanto maior a procura, maior o preço. Fatores técnicos e legais também são importantes para a moeda. E dois deles têm tornado o investimento mais atrativo – e, consequentemente, mais valorizado.

Mudança técnica do bitcoin

Em agosto de 2017 nasceu o bitcoin cash, e ele mudou tudo. Até então, por questões de segurança e de capacidade técnica, os servidores que mantêm a moeda digital permitiam transferência de arquivos de no máximo 1 megabyte. Isso limitava as transações em no máximo 250 mil por dia, ou 5 por segundo.

Longos debates sobre esse limite foram travados até que um grupo de operadores pode produzir uma espécie de “sub” moeda digital – o tal bitcoin cash. Esta nova moeda digital permite 8 megabytes por arquivo, aumentando em muito a capacidade de operações. Contudo, o bitcoin cash vale menos que o bitcoin oficial.

Daí em diante, diversas novas moedas digitais nasceram. No fim de agosto já eram pelo menos 100, e agora estima-se que sejam mais de 1.300 delas circulando pela internet. A moeda ether, por exemplo, se valorizou mais de 4.800% ao longo de 2017.

“Evoluções na tecnologia e a falta de consenso na rede impactam a valorização do Bitcoin. Um exemplo é a questão do aumento da capacidade do processamento da rede, incertezas que rondavam o mercado de Bitcoin e foram recentemente solucionadas por grupos desenvolvedores”, explica a operadora Mercado Bitcoin.

Mudança legal do bitcoin

A Chicago Mercantile Exchange (CME), bolsa de valores de Chicago, anunciou em outubro de 2017 que o bitcoin passa a ser mais um ativo a ser comercializado. Para muitos analistas, este foi o ato mais significativo para que a moeda digital explodisse em valor nos últimos meses. Em 1 de dezembro, a CME fez o anúncio definitivo: no dia 18 do mesmo mês, o bitcoin finalmente será operado na bolsa.

“Dado o aumento do interesse dos clientes nos mercados de criptografia em evolução, decidimos introduzir um contrato de futuros de bitcoin”, disse Terry Duffy, presidente e diretor executivo do grupo CME. “O CME Group é o lar natural desse novo veículo que proporcionará aos investidores transparência, descoberta de preços e capacidades de transferência de risco”, concluiu.

Além disso, países como Japão e Cingapura anunciaram recentemente que estão implementando novas regulamentações para adequar o bitcoin à economia e à moeda locais. “Além da Bolsa de Chicago, outras grandes instituições do mercado financeiro de todo o mundo anunciaram que estão estudando entrar nesse mercado. Um exemplo é a Amazon, que recentemente registrou o domínio Amazon Bitcoin, e que dá indícios que irá em breve aceitar o ativo como formas de pagamento muito em breve”, informa a operadora FoxBit.

“Novidades como a que a CME listará ainda em 2017 futuros de bitcoin deixam o ativo digital mais atrativo para clientes institucionais, que passam a vê-lo de forma diferente, aumentando sua valorização dada a criação de uma nova demanda”, analisa a Mercado Bitcoin.

“Some a isso a entrada de players importantes do mercado financeiro, criando credibilidade do ativo e segurança para o investidor”, afirma a FoxBit. “Lembrando que o bitcoin é um ativo digital escasso e que serão produzidas apenas 21 milhões de unidades. Neste caso, quanto maior for a demanda maior será o preço, tendo em vista que a oferta não irá aumentar”.

Riscos do investimento em bitcoin

Crescimento sustentado ou bolha especulativa? Não há uma resposta para esta pergunta ainda, embora a abertura de capital na bolsa de valores de Chicago possa ajudar a clarear o debate. Quem acredita na moeda digital credita o crescimento a seu avanço técnico e legal; quem duvida tem certeza que se trata de uma forma de grandes investidores especularem com um ativo que não tem qualquer tipo de lastro, ou seja, não está ligado a nenhum tipo de produção de valor real e, portanto, apenas um jogo – jogo bastante caro, por sinal.

“Nenhum estado controla o bitcoin, é um ativo que funciona em função da colaboração e confiança da rede. Neste sentido, acredito que o ativo tenha um valor inestimável”, opina a FoxBit. “Ele obviamente teve valorizações impressionantes para o mercado financeiro tradicional, mas existe algo diferente neste ativo que ainda o mercado não conseguiu precificar, por isso se fala muito de bolha. Quem deseja investir deve ter conhecimento do seu risco e a sua volatilidade”, alerta.

“O Bitcoin tem riscos como qualquer ativo financeiro. Sua diferença em relação a ativos tradicionais é o fato de ser digital. Por isso, além da alta volatilidade, a segurança de armazenamento do Bitcoin é um risco importante”, explica a Mercado Bitcoin. “É fundamental que a pessoa tenha consciência de que a moeda pode desvalorizar e também deve ter cuidados fundamentais para armazenamento da forma correta, garantindo a proteção do seu ativo”, conclui a operadora.

Em novembro deste ano, o Banco Central emitiu comunicado bastante crítico ao avanço escalonado do preço do bitcoin. No texto, apontam o risco de armazenamento, flutuação de valores, eventual relação com dinheiro oriundo de crimes e falta de regulamentação como principais problemas do investimento.

Impacto do bitcoin no mundo

De forma geral, o bitcoin pode ser entendido como uma moeda digital do tipo criptomoeda descentralizada, e também um sistema econômico alternativo. Não há um banco de bitcoins, mas um sistema alimentado por diversos servidores em todo mundo e que, aparentemente, garante segurança à movimentação financeira de seus ativos.

Com menos de 10 anos de existência, a moeda virtual já é a sexta moeda que mais circula no mundo – à frente até do real. Mais populares que o bitcoin são apenas a rúpia (Índia), o yen (Japão), o yuan (China), o euro (União Europeia) e o dólar (EUA). Estima-se que o valor total de bitcoins em circulação seja superior a US$ 200 bilhões (R$ 650 bi).

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