Mesmo ganhando pouco, a gente sempre sonha com o dia em que vai tirar o pé da lama. E nada de apartamento de quatro quartos. Estamos falando é de mansão. Quem sabe até um castelo, em algum vale europeu? Afinal, se é para sonhar, podemos tudo. Mas você já parou para pensar quais as reais probabilidades de enriquecer? Seja economizando o salário ao longo de uma vida inteira, ganhando na mega-sena, ou recebendo uma herança inesperada, veja o que é possível.
Por mais improváveis que essas situações pareçam ser, existe uma probabilidade girando em torno de cada uma delas. Pode ser pequena, mínima, ínfima. Até próxima de inexistente. E como a esperança é a última que morre, a gente continua tentando. Mas será que adianta passar semana após semana jogando na mega-sena? Será que o real que, num ímpeto, gastamos com uma raspadinha na banca de jornal foi válido? Para tirar todas essas dúvidas, e ainda ajudar com a matemática, recorremos à economista Sandra Blanco, do Mulherinvest.
Aproveitando o início da sexta edição do Big Brother Brasil, Sandra calculou a probabilidade de se ganhar R$ 1 milhão, participando do reality show. “Foram 80 mil candidatos inscritos, concorrendo a 12 vagas. Se o sorteio fosse aleatório, sem nenhuma interferência, a probabilidade de ser selecionado na primeira fase seria de 0,015%. Ou seja, uma chance em 6.666. Mas como a escolha é baseada em critérios, alguns candidatos possuem mais chances do que os demais. Para os selecionados, as chances são muito maiores. Uma em doze, o que corresponde a 8,33%. À medida que os outros participantes vão sendo desclassificados, as chances de ganhar aumentam.
Mesmo parecendo impossível, a matemática mostra que existe chance. No entanto, será que a possibilidade de ganhar R$ 1 milhão vale o esforço de se passar três meses confinada numa casa? Há quem ache que não. “Deus me livre! Prefiro morrer dura. Não há dinheiro que compense o mico e o desespero de ficar trancada naquela casa. Faço minha fezinha quando a mega-sena acumula, mas me inscrever no BBB já é demais. Prezo minha privacidade”, afirma, categórica, a produtora Juliana Magalhães.
Se a idéia de ter sua vida exposta também causa repulsa, uma alternativa que exige menos esforço, e rende prêmios muito mais tentadores, é a mega-sena. Como enriquecer não é fácil, as chances são consideravelmente menores. O estatístico Carlos Rios avalia: “Todos os jogos são muito difíceis de ganhar. Marcando seis números no cartão, você teria que, teoricamente, jogar 50 milhões de vezes para ganhar. Mas, mesmo apostando todos os dias de sua vida, não viveria para isso”, diz. Seriam 137.161 anos de tentativa. Haja saúde!
Só que até o impossível pode se tornar um pouquinho mais fácil. Carlos dá a dica: “A única maneira de aumentar suas chances é jogando mais números. Mas como essas apostas saem bem mais caras, só fazendo bolão. Senão é arriscado demais”, avisa. A economista Sandra Blanco confirma. “Jogar 15 números – o máximo possível – é fazer uma aposta que custa R$7.507,50. Você tem uma chance de ganhar, e 10.002 de perder. O que é mais provável?”, questiona Sandra. A maioria de nós deve ficar mesmo é no joguinho de R$ 1,50.
A assessora de imprensa Lana Esch e seu namorado não perdem uma oportunidade. “Jogamos todo sábado e quarta-feira, há uns cinco anos. Fazemos dois jogos fixos, que criamos com uma combinação de números que representam alguma coisa para nós”, explica Lana, que nem quer saber da probabilidade de se ganhar. “Não sei das minhas chances, mas sei que só ganha quem joga. É como um sorteio. Para ganhar, tem que participar” acredita a assessora, que chegou a acertar três números, e seu namorado, a quadra. Quem pensa que a tática de manter o mesmo jogo aumenta as chances, ledo engano. “Não interessa quantas vezes você jogue, isso não aumenta suas chances. Os eventos são independentes. Toda vez que você jogar seis números, a probabilidade de ganhar é uma em 50 milhões”, esclarece Sandra, decepcionando muita gente.
Quem prefere não contar com a sorte tem que recorrer mesmo é à poupança. Para isso, determinação e tempo. Muito tempo. Com um depósito mensal de R$ 300, ao final de trinta anos, a poupança exibirá o saldo de R$ 350.000. “Com esta estratégia você vai acumular um bom valor. Isso sem descontar a inflação. Esse valor é suficiente para você? Se para alcançar seus objetivos, você precisa de mais do que isso, a probabilidade de enriquecer é zero!”, desanima Sandra.
Para conseguir um pouquinho mais, o ideal é fazer um pouco mais de esforço. Dê adeus aos luxos hoje, para poder desfrutar deles no futuro. “Dinheiro atrai dinheiro. Isso acontece porque quando você já tem alguma economia, pode aplicar e fazer com que ela renda. Portanto, a única forma de fazer com que seu dinheiro se multiplique é se privando agora”, diz Carlos Rios. Sandra Blanco calcula: “Depositando R$ 1 mil mensalmente, em um fundo de investimento com rendimento de 1% ao mês, o resultado é bem mais animador. Comece agora, que em trinta anos você terá acumulado R$ 2 milhões. Essa é a maneira mais provável de se tornar uma milionária”. À base de muita privação e força de vontade, a gente um dia, quem sabe, talvez… chegue lá!
