Terapias nas empresas

As demandas do trabalho têm gerado tanto estresse que escritórios de executivos ou empresas têm se transformado, em alguns momentos da semana, em consultórios terapêuticos. Sinal dos tempos, a iniciativa de buscar especialistas para aumentar o bem-estar no trabalho nem sempre é um sintoma de problemas entre o profissional e a atividade que exerce ou seu ambiente.

Andrea Lages, fundadora e CEO da Lambent do Brasil, realiza trabalhos de coaching – febre do momento em termos de treinamento em empresas -, em vários países do mundo e explica que a atividade dos coaches começou inicialmente na área esportiva. Mas, hoje, está muito bem estabelecida internacionalmente no âmbito pessoal e profissional. Ela conta que atende especialmente a multinacionais no Brasil e que o trabalho de coaching tem como principal objetivo o desenvolvimento do melhor potencial, sem respostas prontas. “É diferente de aconselhamento ou treinamento”, diz, acrescentando que o coaching ajuda o cliente a encontrar o melhor caminho para atingir sua meta.

Andrea alerta que o profissional dessa área tem de ser certificado. “Muita gente está contratando um coaching e recebendo terapia”, alerta. A Lambent tem hoje mais de 1.400 coaches certificados em 35 países. Ela afirma que o tempo de aplicação do coaching dura em torno de uma hora e o número de encontros depende da disponibilidade do cliente, mas é possível, com sucesso, atendimentos pelo telefone, após uma reunião presencial. Ela exemplifica que o coaching envolve perguntas poderosas, capazes de mudar a postura do cliente. Segundo Andrea, a questão “se você atingir sua meta, o que isso vai lhe trazer?” deve ser substituída por “quando você atingir sua meta, o que isso vai lhe trazer?”.

Ou seja, uma questão positiva, que já parte do pressuposto do sucesso da tentativa.
A coach, autora do livro ” Coaching com PNL: Como se Tornar um M aster Coach” exemplifica também que incentiva tarefas simples para os clientes, como escrever um currículo no caso de desejo de mudança de trabalho. “O bom coaching leva a uma constância de ações, de maneira positiva e congruente”, afirma.

As dificuldades no trabalho muitas vezes estão ligadas à vida familiar ou ao histórico individual.

Corinna Schabbel, sócia da consultoria Colibri, de São Paulo, trabalha há sete anos com terapia em empresas e explica que muitas das instituições que atende – todas empresas multinacionais – nunca tinham pensado que o desconforto psicológico gera problemas para os empregados e, em conseqüência, para o trabalho que desenvolvem.

Segundo ela, alternativas como massagens e florais, muito disseminadas em algumas empresas, ajudam, mas não chegam ao cerne da questão. “As dificuldades no trabalho muitas vezes estão ligadas à vida familiar ou ao histórico individual”, explica Corina. Ela aplica nas empresas terapias individuais que duram cerca de 50 minutos, sempre no horário de trabalho. Inicialmente são aplicadas cinco sessões, mas o trabalho permanece na empresa e muitos funcionários podem manter consultas. No entanto, um dos compromissos da terapeuta é avisar à empresa caso perceba que o funcionário não tem um problema a resolver, mas pretende apenas usar as sessões como forma de trabalhar menos.

A psicóloga, que já trabalhou com altos executivos, disse que hoje prioriza o chão de fábrica, já que os profissionais mais graduados têm sempre a oportunidade de cuidar de si. Segundo ela, o atendimento para os trabalhadores menos graduados ocorre quando há um plano de carreira na empresa, como forma de ampliar a oportunidade de ascensão. Em 80% dos casos, ela consegue que os funcionários sejam promovidos em seis a oito meses após o início da terapia.