Teste acha bactérias perigosas em sashimis de restaurantes de SP e RJ; veja lista

A Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) testou o sashimi de salmão de 10 restaurantes japoneses de São Paulo e do Rio de Janeiro e descobriu em alguns deles a presença de bactérias que indicam falta de higiene e outras que, em excesso, podem trazer riscos à saúde. Esses foram os restaurantes que tiveram amostras avaliadas pela instituição:

Rio de Janeiro

  • Tosaka Culinária Japonesa (Barra da Tijuca)
  • Taiping (Botafogo)
  • Manekineko (Cachambi)
  • Koni Store (Recreio dos Bandeirantes)

São Paulo

  • Oguro Sushi & Bar (Itaim Bibi)
  • Dhaigo Japanese Restaurant (Itaim Bibi)
  • Sushi Yassu (Liberdade)
  • Osaka Culinária Japonesa (Moema)
  • Gendai (Pinheiros)
  • Flying Sushi (Vila Mariana)

Bactérias no salmão: quais os riscos?

Dentre as bactérias mais perigosas, foram encontrados dois tipos: a Listeria monocytogenes, presentes nos restaurantes Taiping, Gendai e Flying Sushie; e a Aeromonas sp., também no Taiping, no Dhaigo e no Sushi Yassu.

A primeira continua viva mesmo quando o alimento é congelado e pode causar listeriose – uma intoxicação alimentar que pode levar ao aborto espontâneo, nascimento prematuro, infecção grave do recém-nascido e até morte do bebê dentro útero.

A segunda pode causar problemas no trato intestinal, como diarreia, e enfermidades pouco relatadas, tais como peritonite (inflamação no abdômen) e outras infecções.

“Na pesquisa de bolores e leveduras, somente o Tosaka e o Flying Sushi apresentaram quantidades acima do aceitável. Isso sugere que o peixe poderia estar contaminado antes do preparo do sashimi”, conforme informou o site da ProTeste.

A análise ainda achou microorganimos mesófilos aeróbicos, que indicam mau armazenamento do peixe e temperatura inadequada, nos restaurantes Taiping, Flying Sushi, Oguro e Sushi Yassu.

A Proteste ressalta que nem sempre os microorganismos fazem mal à saúde. Depende muito da quantidade ingerida, além da idade e imunidade do consumidor, de acordo com a associação.

Entretanto, a presença deles pode indicar condições sanitárias inadequadas durante o processamento, produção e armazenamento do alimento. Isso é preocupante, principalmente porque, quando crus, as chances dos alimentos estarem ou ficarem contaminados são ainda mais altas.

“Se o manipulador que está mexendo com o peixe cru não cuida da higiene do local, das mãos, se o gelo de conservação não for filtrado, a chance de contaminação por uma bactéria é muito maior”, explica a nutricionista Gabriela Zugliani.

É possível identificar a presença das bactérias?

“Às vezes, pode ser difícil para o consumidor identificar, a olho nu, se o peixe está estragado ou contaminado. Mas, em geral, a carne do peixe denuncia sua qualidade facilmente pela aparência e pelo cheiro. Observar as características do produto e as condições dos locais de compra e consumo pode ajudar”, aconselha a nutricionista.

Os resultados foram encaminhados às vigilâncias sanitárias locais, que devem fiscalizar os locais e tomar as providências necessárias.

Resposta dos restaurantes envolvidos

O Vix entrou em contato com os restaurantes e até o momento de publicação desta matéria, a Gendai se manifestou:

“A rede conta com consultoria interna de qualidade, que visa a manutenção de rigorosos padrões de segurança alimentar. Após tomar conhecimento do fato, iniciou um processo de apuração. Todo o processo de higienização e reciclagem de serviço está sendo verificado com os responsáveis da unidade”.

O restaurante Osaka e Oguru, ambos de São Paulo, também enviaram notas de esclarecimento: 

O Osaka esclarece que “conta com uma equipe multidisciplinar especializada em segurança alimentar, para garantir a qualidade dos produtos ofertados aos consumidores”, e completa informando que “a equipe responsável pelo controle de qualidade do restaurante está no mercado à 20 anos e conta com uma equipe de nutricionistas, médicos veterinários e técnicos da área de alimentação”. Ainda de acordo com o restaurante Osaka, foram encontradas falhas no laudo da Proteste, como por exemplo, o nome do laboratório e o responsável técnico que realizou esta análise não foram evidenciados. “O laudo da análise  nos foi encaminhado na data de 02/05 e o mesmo, após passar por um parecer técnico de um laboratório renomado, indicou que o alimento estava SATISFATÓRIO de acordo com a RDC nº 12 de 02 de janeiro de 2001, grupo 22B”, completa a nota oficial. 

Já o restaurante Oguru informa que “não reconhece a veracidade dos resultados apresentados. Esclarece, ainda, que está aguardando contato dos órgãos responsáveis pelos supostos testes realizados, para que possa tomar conhecimento quanto aos procedimentos adotados.”

A rede Koni também enviou um parecer: “o laudo apresentado pela Proteste está muito diferente dos últimos resultados recolhidos na unidade em questão. Não sabemos em que condições as amostras foram coletadas e o procedimento adotado para que possamos assegurar a autenticidade do resultado, uma vez que não recebemos a visita formal de um técnico. Sendo assim, enviamos à Proteste as últimas análises realizadas no mês de março de 2017, assim como o laudo microbiológico do filé de salmão. Ambos apresentaram resultados satisfatórios.”

Bactérias nos alimentos