A pêra na garrafa

Leitor ganhou uma garrafa de Poire Williams, um destilado, um eau-de-vie, como é chamado na França. Notou, porém, que era fabricado por G. E. Massenez. E o que faz o Williams no rótulo? Curioso, o leitor não perguntou como é que o fabricante conseguiu colocar uma pêra dentro da garrafa do poire (pêra, em francês), que é a apresentação mais chamativa desse tipo de destilado.

Sim, Massenez é o nome do fabricante. Muitos outros fabricam poire, como, por exemplo, as também francesas Trimbach , Olivet e Danflou, a suíça Etter e a americana Clear Creak (cujo poire é considerado o melhor do mundo, atualmente).

Não tem uva? Então pegue a primeira fruta que encontrar! A base sempre é a mesma: o fruto maduro é fermentado, destilado e rapidamente engarrafado de modo a preservar o frescor e aroma da fruta original

Já Williams é o nome de uma variedade de pêra, uma espécie de Cabernet Sauvignon das pêras. Descoberta originalmente em 1765 por um mestre-escola inglês, um tal de Stair, passou a ser conhecida por esse nome, pêra Stair. Mais tarde, um jardineiro chamado Williams adquiriu a propriedade de Stair e com ela as suas pereiras. E tornou essa fruta muito popular em toda a Inglaterra, quando passou a ser conhecida pelo seu nome, Williams.

Em 1799, James Carter importou várias pereiras Williams para os Estados Unidos, onde foram plantadas numa fazenda de Massachussetts. Mais tarde, Enoch Bartlett comprou a propriedade de Brewer e, sem saber da origem das pereiras inglesas, as propagou por todos os Estados Unidos sob o seu nome. Assim, as Williams são conhecidas como Bartlett nos Estados Unidos.

Claro que existem outras variedades. Se temos quase oito mil tipos diferentes de maçãs em todo o mundo, as pêras apresentam apenas 850 variedades. As mais conhecidas, fora as Williams (ou Bartlett), são a pêra d’água (entre nós), a japonesa, a Rocha, a Anjou e a Comice – a mais doce e suculenta variedade da fruta, com carne muito macia, muito rotunda, com o “pescoço” curtíssimo, desenvolvida por cientistas americanos no Oregon lá pelo século XIX, derivada de sementes francesas. São as mais raras e caras.

Mas para fazer um eau-de-vie de pêra só mesmo com a Williams, uma variedade muito aromática, de sumo intenso, mais ácida, de polpa rígida, com casca verde e manchas avermelhadas quando jovem e completamente dourada quando madura.

Eau-de-vie é o que chamamos aqui de aguardente, um tipo de brandy. Bem, já falamos sobre brandy aqui. Seria estritamente uma aguardente de vinho. A origem de seu nome, holandesa, diz tudo: brandwijn – vinho queimado, ou destilado. As formas mais famosas e nobres de brandy são ainda hoje o Cognac e o Armagnac, produzidos na França. Mas o termo passou a ser aplicado a qualquer destilado feito de frutas: damasco, ameixa, pêra, maçãs (das quais o Calvados, da Normandia, França, é o exemplo mais famoso), cereja (o saboroso kirshwasser, aguardente alemã), entre outras.

A França e os Estados Unidos, contudo, obrigam que brandy seja estritamente um destilado de vinho.

Eau-de-vie vem do latim, “aqua vitae”, “água da vida”. A palavra whiskey tem origem no gaélico, uisge beatha, também com o mesmo significado. A mesma coisa no sueco e no norueguês ( Akvavit), no polonês ( Wōdka) e no russo, ( Vodka).

Na Idade Média atribuíam a esse destilado propriedades medicinais, até mesmo mágicas, recomendado para quase todo o tipo de mazela. A destilação foi inventada no século XVII e veio em busca de curas para pragas, como a da cólera.

A maioria desses “espíritos” não tem cor e são derivados de uma ou mais frutas fermentadas e, em seguida, destiladas. Você colhe a fruta apropriada quando bem madura, esmague-as e deixe-as fermentar. Diferentemente do seu primo, o cognac, as eaux-de-vie raramente são envelhecidas em barris de madeira, como fazem com o Calvados, para aproximá-lo do sabor do cognac.

A nossa cachaça é da mesma família, só que feita a partir da cana-de-açúcar. Entre as destiladas com base nos resíduos da uva (da borra resultante da prensagem das uvas), temos a bagaceira portuguesa e a grappa italiana.

As águas da vida, arte secular, praticada em toda a Europa, especialmente na Alsácia, são fruto da necessidade. Afinal, precisamos beber qualquer coisa, seja para curar um calo no pé ou na alma. Não tem uva? Então pegue a primeira fruta que encontrar! A base sempre é a mesma: o fruto maduro é fermentado, destilado e rapidamente engarrafado de modo a preservar o frescor e aroma da fruta original. Não custa pouco, não: são precisos 14 quilos de pêra para uma garrafa de 750 ml de destilado.

Mas como ela entrou na garrafa? Como diz o Eric Azimov, do “New York Times”, eau-de-vie seria a antivodka, cuja destilação busca remover quaisquer sabores. Já o destaque desse tipo de aguardente é preservar o máximo da fruta original. A vodka foi feita para se misturar em vários coquetéis. Mas não existem coquetéis de eau-de-vie, ou pelo menos não deveria, segundo os puristas.

Sim, mas como é que a pêra foi parar dentro da garrafa?

Ah, pois é. Ninguém poderia imaginar passar uma pêra pelo gargalo de uma garrafa e ainda assim mantê-la intacta, integral, não é?

Na verdade, a pêra cresce na garrafa. É uma prática tradicional na Alsácia, onde o destilado da fruta é feito há séculos.

Parece simples, mas dá trabalho. Primeiro, colocar as garrafas nas árvores, em maio quando o pequeno fruto da pereira ainda passa pelo gargalo da garrafa. E dentro dela vai crescer durante todo o verão (no hemisfério norte). Em fins de agosto, será colhido (a pêra já crescida dentro da garrafa). Quando a “eau-de-vie” estiver pronta, colocam o líquido na garrafa e a vedam. Pronto. Veja aqui.

Se quiser saber sobre como um produtor conseguiu colocar um melão dentro de uma garrafa, por favor, clique para o Bolsa ou para a Soninha, no [email protected]

Da Adega

A festa da Thalita . Ela quer dar uma senhora festa para 210 pessoas e dispõe de R$ 15 mil. Pergunta se dá para fazer a festa.

Usei um site que há muito recomendei, o Evite.com .

Estimei uma festa de 6 horas de duração, em que de bebidas alcoólicas fossem servidos uísque, cerveja e vinho, na seguinte medida: 42 pessoas (2% do total) seriam bebedores pesados; 147 (70%) bebedores medianos e 59(28%) bebedores leves. O calculador do site aponta que, para as bebidas escolhidas, eu iria precisar de: 559 latinhas de cerveja; 112 garrafas de vinho (750 ml) e 28 garrafas (litro) de uísque.

Utilizei preços de supermercados para produtos medianos e considerei também uma negociação para volumes: R$ 2,00 para a lata de cerveja, R$ 40,00 para a garrafa de vinho (tanto para o tinto quanto para o branco) e R$ 45,00 para o litro de uísque. Assim, meus totais foram de R$ 1.118,00 para cerveja, R$ 4.480,00 para vinho e R$ 1,80,00 para uísque. Total de bebidas: R$ 6.870,00

Ainda restariam R$ 8.130,00 para alimentação (sanduíches, tira-gostos, canapés etc.), água, sucos e refrigerantes, aluguel de salão e algum entretenimento (música mecânica, DJ, CDs).

Portanto, Thalita, acho que dá para dar uma boa festa.

Vinhos da Casa Marin . A importadora Vinea está trazendo para o Brasil vinhos da Vinícola Casa Marin (quatro de seus vinhos receberam acima de 90 pontos de Robert Parker, o imperador dos críticos).

Aqui, a Marin é representada pela Vinea Store, onde você vai encontrar o Casa Marin Sauvignon Blanc Cipreses 2006 e o Marin Pinot Noir Lo Abarca 2004 (ambos com 92 pontos); o Sauvignon Blanc Laurel 2005 (91 pontos), o Pinot Noir Litoral 2004 (90 pontos) e o Casa Marin Gewürztraminer 2005, (89 pontos).