A poderosa Elena Landau > Vida pessoal

Bolsa de Mulher – Como conciliar trabalho e maternidade?

Elena Landau – Eu tenho um filho só, infelizmente. Acho que a coisa mais maravilhosa da vida é a maternidade. Ele tem 16 anos. E hoje é até mais fácil pois tenho meu escritório e posso administrar a minha agenda de acordo com a família. No início da carreira, aquele momento que a gente está precisando solidificar e tal, era uma vida dura. A pior fase pro meu filho e pra mim de relacionamento foi nos três anos que trabalhei no BNDES, ele tinha nove, dez e onze anos. Trabalhava fim de semana e de noite. Viajava muito. Mas não deixei de ir a todas as apresentações de coro. O trabalho nunca me impediu de levar o João ao pediatra, a ir a reunião de pais, amamentar, de chegar em casa para jantar, de levar no colégio. O João sempre teve a possibilidade de, em qualquer trabalho que eu tivesse, me interromper. Ele sempre teve a autorização de secretária. Depois do celular, ele passou a ter acesso direto a mim. Mesmo que eu não tivesse fisicamente presente, ele tinha sempre a sensação que eu tava lá. De vez em quando, ele chegava pra mim e dizia: “Mãe, você não quer ficar um pouco perua? Todas as mães dos meus amigos ficam à tarde em casa.” Isso ele falava quando tinha 12 ou 13 anos. Agora é uma relação de orgulho também. Ele tem orgulho, ele critica as mulheres que não trabalham.

BM – A senhora é que tipo de mãe?

EL- Amamentei até os sete meses. Sou uma mãe coruja. Acho meu filho o máximo, lindo de morrer, inteligente, bom garoto…

BM – Fale de seus casamentos.

EL – Eu já casei várias vezes. Eu sou super fã de casamento. Detesto namoro e adoro casamento. Então, eu casei com todos os meus namorados. Eu tô no quarto casamento (risos). O primeiro foi namoro de adolescência e que durou nada. Foi só aquela coisa de adolescente para você sair de casa e tal. Infelizmente não deu certo porque era aquela coisa romântica da adolescência. Por outro lado, foi bom não ter dado certo porque conheci o pai do João, que foi meu segundo marido, e que a gente se dá super bem. Isso é outra coisa, fizemos um esforço e, apesar de todos os traumas de separação, a gente passou por cima por causa do filho. Então, a gente se dá super bem. O pai dele é arquiteto, trabalha comigo nos projetos que eu tenho que envolvam arquitetura e fez a reforma da nossa casa, mesmo eu estando casada com outro. O João vê essa relação permanente. Agora ele tem um filho pequeno que vai lá pra casa e convive comigo. Levo o menino também para o Maracanã e a gente tem uma relação bem família. Eu me dou super bem com a madrasta do João, ela faz uns trabalhos pro escritório também. Eles freqüentam todas as festas da minha família. É ótimo. Os filhos precisam saber que, apesar dos pais separados, eles foram gerados com muito amor e são amigos até hoje.

BM – O que a senhora faz para manter a forma?

EL – Primeiro, eu fui atleta na adolescência. Joguei tênis a sério durante muito tempo, joguei no campeonato carioca. Não tinha intenção de ser profissional. Parei de jogar quando começou a conflitar com a faculdade que eu sempre gostei de estudar e tal. Depois disso, eu faço ginástica porque nunca mais voltei a jogar tênis. Acho que é um defeito que eu tenho porque não aceito jogar pior que eu jogava.

BM – Você tem personal trainer?

EL –Não. Vou para a academia, faço sozinha. Aí tem crise de coluna e fico brigando com o médico para me liberar. O que eu faço – aí volta o João na minha vida, apesar de ele estar com 16 anos – eu acordo todo o dia para tomar café com ele. A gente toma café junto e ele sai para o colégio às 6:45 e eu saio para a academia. Faço ginástica às 7 da manhã, 8:30 já estou em casa e de banho tomado e pronta. Fiz reeducação alimentar para parar de comer gordura. Faço uma dieta balanceada, essas coisas todas.

BM – A senhora poderia falar sobre a sua rotina?

EL –Eu tenho duas casas, né? Meu marido é paulista e eu tenho grandes clientes em São Paulo. Ele fica a maior parte do tempo em São Paulo e João fica no Rio, João não se adaptou a São Paulo. Eu vou pra lá e pra cá. Eu não tenho rotina, esse que é o problema. Um dia posso estar no Rio e outro em São Paulo. Agora, o que é meu lazer? São os amigos mais próximos, cinema e ficar em casa. Adoro ficar em casa. Gosto de sair, mas nunca fui de boate. Se for para dançar, eu danço numa festa de amigos. Gosto muito de ficar em casa vendo um filme, não gosto muito de sair toda noite, me dá uma preguiça mortal. Gosto muito de música então, quando eu saio, é para ver concerto. Isso é uma coisa recente que aprendi. Aprendi com meu marido.

BM – Fale do seu relacionamento com Persio Arida, do Banco Central.

EL – Tenho uma grande admiração por ele como profissional, como pessoa, como tudo. Ele me trouxe para esse mundo da música. A gente tem assinatura da OSESP. Uma das coisas mais fantásticas que aconteceu em música no Brasil recentemente é a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, do Neschling. Uma orquestra que tem nível internacional. Além da sala ser uma coisa maravilhosa, acho que é um legado que o Covas deixou para São Paulo. Acho um lugar legal porque você vai no sábado a tarde e a freqüência é de amantes da música, não é aquela coisa de coluna social. Para mim, a OSESP é o grande tchan que aconteceu no Brasil em música.

BM – Qual o teu sonho de consumo?

EL – Não sei. Não tenho assim um sonho de consumo. Meu sonho de consumo é muito menos material. Ah, tipo assim passar um mês de férias em qualquer lugar, só eu e a família, sem celular, na beira de uma praia. Desligar. Só que enlouqueço quando fico dez dias sem fazer nada.

BM – Você tira as férias homeopaticamente?

EL – Tiro. Um pouquinho com o filho, um pouquinho com o marido.

BM – A senhora navega pela Internet? Quais seus sites preferidos?

EL – Navego pouco. Entro nos jornais, apesar de preferir papel, no no.com, que é muito bom e tenho amigos trabalhando lá. De vez em quando, entro no jornal da Lilian (Witte Fibe), ela é uma bela profissional. Gosto muito do estilo do Élio Gaspari, ele te dá dicas do que está bom no jornal hoje, o que você vai ler. Às vezes você tem que ler coisas específicas para a profissão e você deixa passar determinada coisa. Aí você tem um cara feito o Élio que está te dando dicas. Gosto muito de site de viagem. É meu sonho de consumo, fico navegando, sabendo qual é a novidade. E o resto é para trabalho. Sites de banco em que eu pego muitas coisas, informativos da área em que eu trabalho.

BM – O que não pode faltar na tua bolsa?

EL – Esse é o tipo de pergunta que nunca respondi na minha vida (risos). Primeira vez que respondo para uma mídia feminina. Minha bolsa, segundo meu filho, se chama o “buraco negro”. Porque ele faz assim e não acha nada. O que não falta? Celular, óculos, dinheiro, palm pilot, chave de casa e documentos. Até carrego batom, mas nunca uso. É só um peso a mais. Não fico retocando o batom.

BM – Você tem algum apelido?

EL – Eu tenho vários, mas as pessoas falam “lá vem a senadora”. Acho que é de tanto que eu falo, dou opinião. Eu gosto de polemizar, questionar. Nunca gosto de dar opinião no meio caminho. Se eu vou a um seminário, eu começo com uma idéia polêmica e gosto de questionar. Por isso , quase apanhei do Eurico Miranda porque trouxe as minhas idéias defendendo a transparência, os torcedores e a coisa toda.