A modelo e estudante Eliane Ramos Medeiros, 21, foi diagnosticada com vitiligo aos 5 anos de idade. As primeiras manchas surgiram nas duas pálpebras e rapidamente se espalharam para o resto do corpo. Apesar do susto inicial e do desafio de crescer sendo diferente, hoje a descoloração da pele se tornou sua marca registrada, que ela exibe orgulhosa.
Aparecimento do vitiligo de Eliane
Mesmo iniciando o tratamento bem novinha, o vitiligo tomou conta de praticamente todo o corpo de Eliane muito rápido. Esse avanço tornou sua infância bem difícil.
Ela entrou na escola com 7 anos e teve que lidar com o preconceito dos colegas de classe. “As outras crianças não queriam pegar nada meu emprestado, elas achavam que o vitiligo era contagioso”.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o vitiligo é uma doença que causa a perda da coloração da pele. A causa exata ainda não foi descoberta, mas fenômenos autoimunes parecem estar associados à patologia. Ele não é contagioso nem traz prejuízos à saúde física.
Um dos principais cuidados que quem tem vitiligo deve tomar é a exposição aos raios solares, que podem acabar queimando a pele.
Preconceito sofrido na infância e adolescência
A falta de informação e o preconceito fez com que Eliane começasse a enxergar o vitiligo de uma forma negativa e despertou um desejo desesperador de cura.
“Os olhares de preconceito eram visíveis. Quando eu chegava da escola, me trancava no banheiro e chorava. Depois me ajoelhava e pedia a Deus para dormir e acordar sem aquelas manchas”.
Ela conta que se não fosse a forma como as pessoas olhavam para ela na rua, ela nem se lembraria que tinha vitiligo.
“Eu tentava esconder as manchas de tudo quanto era jeito. Além das roupas compridas [para proteger do sol], usava várias camadas de maquiagem para disfarçar”, revelou a modelo.
Ela tinha vontade de usar roupas que mostrassem mais o corpo, mas não tinha coragem. “Eu tinha a ideia de que todo mundo era normal e só eu era diferente e eu odiava disso”.
Aceitação do vitiligo: “Eu não queria mais que ele fosse embora”
Ao mesmo tempo em que enfrentou dificuldades na adolescência, Eliana também encontrou muita força e seu processo de aceitação se iniciou entre os 13 e 14 anos. A primeira vez que teve coragem para sair vestindo um short na rua foi aos 16 anos.
“Eu comecei a pensar que eu via o vitiligo como algo ruim porque as pessoas achavam aquilo estranho em mim, não eu”.
Depois que passou a pensar dessa maneira, Eliane começou a levar a vida mais leve e aceitar o vitiligo como parte de sua vida.
“Era uma característica que eu já carregava comigo há muito tempo e eu não queria mais que ele fosse embora”, revelou Eliane, que começou a se gostar e a se achar bonita.
Primeiro ensaio e redescoberta como modelo
Durante o último ano do ensino médio, uma amiga de Eliane, que gostava de tirar fotos, propôs fazer um ensaio com ela. No início a estudante ficou um pouco insegura, mas topou.
Elas divulgaram a foto no Instagram e, para a surpresa de Eliane, uma agência a chamou para ser garota propaganda de uma campanha da marca de roupas C&A e a partir daí, ela começou a seguir a carreira de modelo.
“Fiquei muito surpresa quando fizeram essa proposta para mim. Nunca imaginei que o vitiligo pudesse fazer eu me descobrir modelo”, confessou Eliane.
Su última campanha foi para uma campanha da Sociedade Brasileira de Dermatologia, para o Dia Mundial do Vitiligo, que é 25 de junho.
Hoje, vitiligo é a marca registrada de Eliane
Agora, as pessoas enxergam Eliane como uma inspiração e os portadores de vitiligo entram em contato com ela em busca de uma palavra de apoio.
“Eu sempre digo que eles precisam se respeitar. Ninguém é obrigado a estar preparado para conviver com o vitiligo. Eu não quero impor a aceitação, quero mostrar o caminho para que ela aconteça de forma natural”.
Eliane decidiu parar o tratamento, pois considera que o vitiligo faz parte dela e que as manchas são histórias gravadas em sua pele.
“Se o vitiligo sumisse da minha pele, eu teria uma crise de identidade, porque ele faz parte de mim”, afirmou Eliane.
Hoje, a modelo não gosta mais de maquiagem, ela só usa durante os ensaios “Quando vou fazer as fotos, peço para não exagerarem, porque não quero esconder o vitiligo, pelo contrário, quero realçá-lo. Costumo dizer que tenho maquiagem natural. Aquelas minhas primeiras manchinhas na pálpebra viraram sombra permanentes”, finalizou Eliane.
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