Atriz de série dá exemplo ao exigir o mesmo salário do colega; entenda a polêmica

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A atriz norte-americana Robin Wright, que ficou mundialmente conhecida por causa da série House of Cards, revelou em discurso durante uma campanha contra a pilhagem dos recursos naturais do Congo, que precisou lutar para receber o mesmo salário que os seus colegas de trabalho.

Robin diz que avisou a chefia do estúdio que tornaria pública sua história caso seu salário não fosse o mesmo que o companheiro Kevin Spacey. Ela afirmou que jamais aceitaria receber menos que um colega de trabalho pelo simples fato dela ser mulher.

Equiparação salarial entre homens e mulheres

“Era o paradigma perfeito”, a atriz revelou. “Existem poucos filmes e programas de TV em que o homem, o patriarca, e a matriarca são iguais. Mas eles são em House of Cards. Eu estava olhando as estatísticas e a personagem Claire Underwood era mais popular que o Frank durante um tempo.

Então, eu capitalizei nisso. Eu disse: ‘Ou vocês pagam o mesmo ou eu vou a público’.”

De acordo com a própria Robin, a maternidade afetou a sua carreira e, consequentemente, seu salário.

“Eu não estava trabalhando em tempo integral, então não estava construindo minha faixa salarial. E se você não constrói isso com presença e notoriedade, você acaba ficando fora do jogo. Você se torna um ator da lista B. Você não é material de escritório”, desabafou sobre o problema envolvendo a equiparação salarial entre homens e mulheres.

“Não dá para ter o mesmo salário que ganharia se fizesse quatro filmes por ano, como Nicole Kidman e Cate Blanchett fizeram, enquanto eu criava meus filhos, por exemplo. Agora, estou numa espécie de retorno aos 50 anos”, complementou.

Injustiça salarial

Atrizes de Hollywood 

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Robin não é a primeira atriz a reclamar da discrepância salarial entre homens e mulheres. Em 2015, Jennifer Lawrence publicou um artigo criticando a Sony por ter pago a ela uma parcela menor dos lucros do filme “Trapaça”.

A atriz descobriu que recebeu menos que seus colegas no filme graças a e-mails do estúdio Sony Pictures que vazaram.

Também em 2015, Amanda Seyfried declarou ao jornal inglês Sunday Times que recebeu 10% do que o seu colega em um filme. Segundo a atriz, ambos já eram artistas reconhecidos em Hollywood, mas mesmo assim a diferença salarial foi bastante grande.

Em fevereiro de 2015, ao receber o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, Patrícia Arquette aproveitou seu discurso de agradecimento para pedir igualdade de salários.

“[Dedico] a toda mulher que já deu à luz, todo cidadão que paga impostos, nós lutamos pelos direitos de todo mundo. É nossa vez de ter salários igualitários para todos e direitos iguais para as mulheres nos Estados Unidos”, discursou.

Em entrevista à BBC, Meryl Streep (uma das atrizes mais bem sucedidas de Hollywood) também declarou que ganha menos que seus colegas homens e afirmou que a indústria cinematográfica ainda é sexista.

Empoderamento econômico das mulheres

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Por conta das celebrações do Dia Internacional da Mulher, em 2016, a Cepal (Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe) divulgou o resultado de pesquisas domiciliares sobre os salários médios de homens e mulheres, que trabalham em centros urbanos, com idades entre 20 e 49 anos, em 18 países da região.

As diferenças salariais ainda impedem o empoderamento econômico das mulheres. Elas recebem apenas 83,9 unidades monetárias para cada 100 recebidas pelos homens. E ainda um resultado surpreendente: a disparidade só aumenta quanto mais anos de estudos os dois possuem.

Quando homens e mulheres têm maior escolaridade, elas podem ganhar até 25,6% menos do que eles.

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