O tesão, sem dúvida nenhuma, é algo de inexplicável. Ele pode ser despertado nos mínimos gestos, ou ter seu foco nas partes mais remotas da anatomia humana, como o dedo mindinho (!). Sim, sim, sim! Todas já devem ter ouvido falar dos adoradores de pés – aqueles homens que perdem a cabeça ao se deparar com um número 34, bico fino. Pois essa prática tem nome: podolatria. E o Bolsa colocou o pezinho no terreno desse famoso fetiche para desvendar o significado de um belo calcanhar.
Imaginar que uma pessoa fica excitada mordendo, lambendo, chupando ou beijando os pés de alguém parece estranho. Fora pensar na sujeira e nas bactérias que são, praticamente, coadjuvantes desse ato sexual. Mas, acredite, há quem morra de tesão por essa prática milenar, que possui um fã clube de deixar qualquer astro pop com inveja. E existe uma justificativa para isso: os pés possuem glândulas que liberam feromônios (hormônios que são sentidos através do olfato) e que têm como papel principal atrair indivíduos do sexo oposto. Já para quem recebe as carícias, aí vai: essa região possui inúmeras terminações nervosas, sendo considerada uma das partes mais sensíveis do corpo humano.
Se pensarmos por esse lado, temos a explicação da popularidade da podolatria. No entanto, a atitude de adorar pés estaria supostamente relacionada a algum tipo de submissão, que pode fazer parte dos fetiches tanto do dominado quanto do dominador. Para o submisso, existe a parte estética, a atração física pelo pé em si e o desejo de estar sob um dominador. A promoter Rita Felchak, 40, faz parte do time simpatizante. Adora adereços nos pés, como anéis e tornozeleiras. Além de achar fundamental estar sempre calçada num belo par de sandálias de saltos altíssimos. “Gosto de usar tudo o que possa chamar a atenção para eles. Passo cremes e perfumes e faço as unhas toda semana. Para mim, tudo pode acontecer primeiro pelos pés”, diz Rita.
No quesito fantasia, o uso dos pés não tem limites. O empresário de importações Michel Prado, 42, não mede esforços, nem dinheiro, na hora de cuidar dos pés de sua esposa, Hannah. “Os pés dela são pequeninos e finos. Quando ela coloca sandálias de salto alto, quase morro. Uma vez, íamos a um jantar e quando ela apareceu na sala pronta, em cima de uma sandália de cetim vermelho que lhe dei de presente, não pensei duas vezes. Peguei um tubo de chantilly, que tinha comprado no dia anterior justamente para passar nos pés dela, e derramei tudo! Nossa… foi um dos maiores prazeres da minha vida! Chegamos atrasados no jantar, mas estávamos nas nuvens”, lembra ele.
E a Hannah, como ela encara essa tara do marido? “Lembro que quase o deixei na primeira vez em que transamos, ele nem esperou termos mais intimidade para revelar seu segredo. Mas, quando me peguei lembrando da nossa noite, constatei que havia adorado aquela sensação! A partir daí, não paramos mais de inventar maneiras de obter prazer pelos pés. Claro que transamos como qualquer casal, mas o fetiche é o nosso diferencial”, acredita.
Na opinião da sexóloga e neuropsicóloga Celma Marcelino, o fetiche é, na maioria dos casos, normal. O problema é quando o prazer só é alcançado por meio dele. “Quando somente o ritual em si leva a pessoa ao orgasmo, já consideramos o problema de ordem patológica. Ou seja, é necessário um tratamento que remeta à infância daquela pessoa, pois certamente há escondido aí toda uma relação de submissão e castração por parte dos pais”, afirma a sexóloga.
Ao se tornar adulta, essa pessoa vai precisar de ajuda médica, ainda mais se suas fantasias forem egoístas ou constrangedoras. “Muitos pacientes chegam ao consultório quando o fetiche deu lugar à humilhação ou à compulsão, como a mania de limpeza. Pelo fato de gostar de pés bem limpos e unhas impecáveis, o indivíduo desenvolve essa compulsão por limpeza de uma forma geral. No caso do constrangimento, o assunto é mais delicado porque envolve o parceiro, isto é, apenas o dono do fetiche se satisfaz, não se preocupando se foi bom para o outro”, explica a médica.
Independentemente da complexidade do assunto, uma coisa é certa: ter fetiche é sadio e faz parte da natureza humana. O que não pode atrapalhar o jogo sexual são as frustrações e castrações impostas. Portanto, não hesite em pisar firme
no mundo das fantasias.





