O ator Bruno Gagliasso falou sobre o próprio processo de desconstrução do racismo, comemorando e lamentando simultaneamente o fato disso ter acontecido apenas na paternidade
Pai de Titi e Bless, duas crianças pretas, Bruno Gagliasso falou recentemente sobre se reconhecer a si mesmo como racista antes da adoção. No “Sem Censura” (TV Brasil), ele explicou que, hoje, enxerga como seu comportamento era diferente no passado – e refletiu sobre a forma como sente o impacto do racismo hoje.
Bruno Gagliasso fala sobre desconstrução do racismo
Convidado do “Sem Censura”, Bruno Gagliasso falou sobre como costumava agir e pensar no passado, antes de se tornar pai de Titi e Bless. Ele e a esposa, Giovanna Ewbank, adotaram os filhos em 2016 e 2018, respectivamente – e, segundo o ator, foi então que aprenderam muito sobre o preconceito racial.
“Aprendi vivendo. Eu era racista, né? A gente cresceu em uma sociedade racista, que fez a gente se tornar racista. Então acho que é um processo que todo mundo tem que fazer”, disse ele, afirmando que o primeiro passo do processo e se reconhecer como uma pessoa que tem pensamentos e ações racistas por natureza.
“Primeiro você tem que se reconhecer como [racista], e aí ir trabalhando e aprendendo, e não esperar que queiram ensinar a gente”, afirmou ele, ressaltando que a sensação de ter aprendido sobre isso apenas ao se tornar pai de Titi e Bless é dúbia.
“Eu fico muito feliz de ter aprendido com a paternidade. Ao mesmo tempo, muito triste de só ter que aprender na paternidade”, pontuou o ator. Na sequência, ele também deixou claro que, apesar de não sofrer racismo, ele sente o reflexo de situações que envolvem os filhos.
“Na pele eu nunca vou viver, mas na alma, vou, porque não existe amor maior que dos meus filhos. É uma dor que não dá para explicar”, disse ele que, ao lado de Ewbank, já processou uma pessoa por injúria racial contra os filhos (episódio que aconteceu nas redes sociais), e denunciou uma mulher em Portugal após atitudes dela com as crianças.