Como Paola Carosella superou dívida e infelicidade para chegar aonde chegou

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Uma das chefs à frente do programa de TV “ MasterChef Brasil”, Paola Carosella não é apenas cozinheira. A vida a transformou também em uma empresária de sucesso.

Quem a vê hoje pode até achar que ela sempre teve a vida “perfeita”. Porém, como a própria Paola Carosella afirmou em suas redes sociais, “ser feliz não é a ausência de dor”.

Para conseguir chegar aonde chegou, a chef teve de superar a tristeza, uma dívida e as dificuldades de uma empresária iniciante que, como empresária, “era uma ótima cozinheira”.

Na cozinha, Paola se inspirou nas avós

Nascida na Argentina, em 1972, Paola vem de uma família de imigrantes italianos. Enquanto seu avô caçava e pescava, sua avó preparava refeições com ingredientes que ela mesmo plantava.

Paola via poder nesse ato de cozinhar, em fazer as pessoas “babarem” com um prato. “A cozinha sempre foi e continua sendo o meu lugar preferido da casa, do mundo inteiro”, afirma em seu site.

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Após terminar a escola, em 1992, passou a trabalhar em cozinhas de restaurantes – e nunca mais parou. Buenos Aires, Paris, Califórnia, Uruguai, Mendoza, Nova Iorque… foram muitos destinos até chegar em São Paulo, onde dirigiu a cozinha de um dos mais conhecidos restaurantes da cidade, o Figueira Rubaiyat.

Hora de seguir o próprio sonho

No ano de 2003, Paola decidiu abrir seu próprio restaurante, o Julia Cocina. Ela o descreve como “um restaurante pequeno com um cardápio minúsculo que mudava quase todo dia”.

O restaurante a rendeu enorme prazer, vários prêmios, muita aprendizado e muitas dores. Foi com o Julia que Paola descobriu que para abrir um restaurante é preciso também empreender, não apenas cozinhar.

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A cozinha ia muito bem, mas não acontecia o mesmo com a sociedade que havia feito para abrir o local.

A chef havia investido o que tinha para conseguir realizar o sonho de ter o próprio restaurante. Ela já havia perdido a mãe, aos 26 anos, e o pai, dois anos depois, e o dinheiro que usou para o Julia veio da pequena herança que herdou.

A confiança em seu sócio no Julia foi quebrada, e Paola precisou recomeçar quase que do zero. Por sorte, ao menos conseguiu o valor que havia investido no restaurante. O pai do antigo sócio decidiu comprar sua parte na sociedade, algo que não é comum.

Para aprender, é preciso errar

A cozinha continuava sendo sua paixão, então a chef foi mais uma vez atrás de seus sonhos. Desta vez, sem um sócio, mas, sim, com sete sócios. Pode parecer óbvio agora que as dificuldades se multiplicariam, mas na hora não foi essa percepção que ela teve.

Os sócios ficavam na Argentina enquanto ela comandava o Arturito de São Paulo. A expectativa se contrastava diariamente com a realidade, e Paola se viu viu presa em uma grande tristeza, sentimento que já havia presenciado antes.

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A casa de seus avós era o centro de tudo. Cheiros, barulhos, gritos, mesa farta. Mas isso eram os finais de semana e as férias. No dia a dia, a realidade era outra. Filha de pais separados, ela cresceu ao lado da mãe. “Tive uma mãe incrível, muito forte, super empreendedora, linda, inteligentíssima, mas sempre muito triste”, revelou em evento para empreendedores.

Enquanto isso, a Paola criança e adolescente tentava copiar suas avós e as culinaristas da TV com os ingredientes que tinha em casa: atum de lata, salsicha, ovo, manteiga, pão de forma e maionese.

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A cozinha a resgatava de um espaço que não era feliz, mas, anos mais tarde, ela se viu triste também. Foi preciso sentar e repensar o próprio destino.

Paola precisou arriscar

40 anos de idade, 12 no Brasil, uma filha de dois anos, um restaurante quase falindo e uma vida no cheque especial.

A tristeza passou a ser acompanhada de desespero também, e Paola percebeu que se não fizesse algo para mudar essa realidade, ninguém mudaria nada para ela.

“Não sou uma pessoa que pensa. Sou cozinheira, sou muito intuitiva, mas essa decisão precisava ser pensada porque iria marcar o curso da minha vida adulta. Fiquei um tempão sentada no chão pensando e levantei com quatro certezas: vou morrer um dia, eu não estou feliz na vida que tenho, preciso fazer algo para mudar isso e eu sou cozinheira.”

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Além de o Arturito naquela época não representar o que ela acreditava na cozinha, ela também sentia que o país estava mudando e que os clientes logo passariam a buscar outros lugares. O que de fato aconteceu.

“O que eu entendi é que o mais valioso dessa empresa era eu. Eu quem fazia a comida, era quem dava valor. Eu tinha de dar valor ao meu valor.”

Empresária de sucesso

No dia seguinte, Paola pegou um empréstimo de R$ 2 milhões. Sua garantia era ela mesma, seu trabalho, sua comida. Ela fez uma negociação longa até conseguir comprar toda a sociedade, mas conseguiu.

Finalmente, pode buscar o restaurante que sempre sonhou. Mas, novamente, não foi simples. Para empreender, fez de tudo um pouco, até desentupir pia. Foi difícil, mas deu certo.

Tão certo que, em 2014, abriu mais um restaurante, o La Guapa Empanadas. Desta vez com o “sócio de sua vida”, Benny Goldenberg.

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“Aprendi a olhar para as pessoas certas e a fazer as perguntas certas. A gente aprende no inferno, nunca no paraíso. Eu já havia errado o suficiente para reconhecer a pessoa que pudesse me completar. Eu escolhi muito bem e tive uma sorte gigante de ser escolhida.”

Desde aquele dia do empréstimo, foram menos de dez anos. Paola aprendeu que ela pode traçar o destino da própria vida.

A hoje cozinheira, chef e também empresária de sucesso acredita na paciência, no saber esperar. “Muitas coisas na cozinha demoram muitas horas, muitos dias, muitos meses para ficarem prontas. Assim como na vida… tudo tem seu tempo.”

Ao mesmo tempo, Paola Carosella acredita no desejo. “Por que sem desejo não atravessamos nem a rua.”

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